Maria João Avillez foi a entrevistada do programa Alta Definição, este sábado, 23 de novembro. Numa conversa intimista com Daniel Oliveira, a jornalista partilhou o seu lado mais pessoal e recordou a perda do filho quando este tinha cinco anos, em dezembro de 1974.

Tem de continuar [a vida], começou por dizer, comovida. O trabalho foi uma grande defesa. Um trabalho tão variado num país que estava a passar por aquilo que estava a passar… Foi uma das razões, seguramente, porque eu estive sempre na primeira fila. Era também uma maneira de me defender”, começou por contar.

Para a jornalista e perante tal perda, é o amor da família que pode fazer a diferença numa família. “Depois de um choque brutal, a tendência é ainda mais união. Portanto, a tribo fica mais unida e coesa, uma muralha de aço”, defendeu.

“Há são coisas que não passam e que não se esquecem. A falta e a ausência não são nem superáveis, nem esquecíveis. Mas depois há momentos de tal maneira luminosos… que amenizam, tornam menos brutal o sofrimento”, acrescentou, em seguida.

Maria João Avillez destacou que os dias não são todos iguais. “Eu não me entusiasmo sempre da mesma maneira, não sofro da mesma maneira, não me entristeço todos os dias, nem me entusiasmo. Há modelações, mas se quer sabe se é fácil, não é. Se consigo ser feliz? Consigo. Se estou grata à vida? Estou gratíssima, apesar de tudo”, notou.

Questionada ainda por Daniel Oliveira sobre o que acontece depois do pior, a jornalista não teve dúvidas: Continuar a viver com esse pior”, referindo que há gestos e palavras que podem fazer a diferença.

“Há uma coisa que eu acho que conforta talvez mais. Ir ter com o outro que está a sofrer aquilo que nós sofremos ou que está a passar por qualquer coisa mesmo que não tenhamos passado por ela (…) Acho que é bom, humano e terno”, completou.

Veja a conversa no vídeo abaixo: