Em busca do sobreiro perfeito – esta é atualmente uma das missões da Corticeira Amorim, a líder mundial da produção de cortiça, que nasceu há 155 anos de uma fábrica de produção manual de rolhas de cortiça em Vila Nova de Gaia. A empresa está a desenvolver um projeto de investigação e desenvolvimento ligados à floresta, a que chamou Projeto de Intervenção Florestal e pretende através dele acelerar a produção de sobreiros e a extração da cortiça.

“Será que um sobreiro tem de demorar sempre 25 a 30 anos para dar a primeira extração? Será que não podemos escolher as melhores plantas para que possamos ter a extração inicial?”, questiona António Rios Amorim, que preside à empresa desde 2001, explicando que o que está em curso é uma espécie de ‘clonagem’ do que é o sobreiro perfeito. “É fazermos aquilo que a vinha ou o eucalipto já fizeram”.

Nuno Fox

O líder da Corticeira Amorim veio à Liga dos Inovadores, o podcast do Expresso sobre o que de mais inovador tem sido e está ser feito pelas empresas em Portugal, explicar as inovações em que a sua empresa se tem destacado: uma delas passou pela luta contra o chamado ‘gosto a rolha’ e contra o plástico, que de alguma forma puseram fim ao declínio desta matéria-prima como vedante de vinho e de outras bebidas. Mas há ainda um material a concorrer com a cortiça nas rolhas. Trata-se do alumínio, que dispensa a utilização de saca-rolhas, mas António Rios Amorim diz que a sua empresa já desenvolveu e continua a desenvolver alternativas em cortiça para responder a esta concorrência.

Depois de ter ultrapassado o problema do ‘gosto a rolha’ que estava a afastar alguns consumidores, “a performance da cortiça melhorou, o que nos permite focar naquilo que a cortiça pode acrescentar de positivo ao vinho”, adianta o líder da Corticeira Amorim.

“Nenhum outro vedante consegue fazer o que a cortiça consegue fazer. Além do facto de ser um material natural, tem substâncias que ao longo do tempo vão sendo também libertadas, enriquecendo o perfil sensorial e aumentando a complexidade do próprio vinho”, acrescenta, referindo que “uma boa rolha faz um grande vinho, faz com que seja ainda melhor”.

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"Portugal tem o melhor know-how científico no sobreiro mas esteve distanciado da indústria. Não é por responsabilidade dos cientistas, foi porque a indústria nunca lhes ligou muito"

"Será que um sobreiro tem que demorar sempre 25 a 30 anos para dar a primeira extração de cortiça?"

"A ameaça do plástico à cortiça está ultrapassada, não tem qualquer futuro na indústria dos vinhos mas temos um elefante dentro de casa: a cápsula de alumínio"

Expresso

O podcast que nos conta o que de inovador e diferenciador está a ser feito pelas empresas em Portugal. Na “Liga dos Inovadores”, Elisabete Miranda e Pedro Lima conversam com gestores, diretores e profissionais que nos contam histórias que conquistaram o mercado e vão contribuindo para a transformação económica do país e da sua imagem. Falam-nos das vitórias que os trouxeram até aqui, mas também das ansiedades, dos concorrentes que invejam, dos gestores que admiram, dos profissionais que têm e dos perfis que precisam de contratar. Todas as semanas, às quartas-feiras.