O presidente eleito para a direção da Casa do Douro, Rui Paredes, disse este domingo que começa agora a empreitada de fazer renascer das cinzas a restaurada associação pública de inscrição obrigatória.
“Até ao dia de ontem [sábado] era a parte mais fácil, a parte mais difícil é agora e a partir daqui vamos precisar de todos para esta empreitada que é fazer renascer das cinzas a Casa do Douro”, afirmou Rui Paredes à Lusa.
No sábado realizaram-se as eleições para a direção e conselho regional da Casa do Douro, as primeiras depois da sua restauração, pelo parlamento, como associação pública de inscrição obrigatória.
A instituição, com sede no Peso da Régua, Vila Real, tem como missão defender os viticultores e a viticultura duriense.
Segundo os dados provisórios, a lista B de Rui Paredes obteve 1.509 votos e a lista A de Manuela Alves 1.424.
Os dados não contemplam a votação na mesa de voto de Freixiel, Vila Flor, cujos resultados, segundo adiantou uma fonte das candidaturas, foram 21 para a lista A e 2 para a lista B.
Rui Paredes tem 57 anos, é gestor, viticultor, diretor da Adega Cooperativa de Favaios, presidente da Federação Renovação do Douro e é vice-presidente do conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
O presidente eleito mostrou-se muito satisfeito com a vitória, que disse ser o resultado do trabalho de uma equipa “que disponibilizou o seu tempo e a sua competência em prol do Douro”.
Rui Paredes deixou ainda uma palavra de apreço à outra candidatura, liderada pela também viticultora Manuela Alves, de 66 anos.
“Com as duas listas pudemos, pelo menos, agitar um pouco mais as águas e trazer mais gente para o debate”, realçou.
As eleições ficaram marcadas pela abstenção.
Os viticultores/eleitores inscritos eram 18.655 e o número de votos contabilizados para as duas listas, de acordo com os dados provisórios, é de 2.933, a que se somam mais 84 votos em branco e 102 nulos, faltando os dados da assembleia de voto de Freixiel.
“Independentemente de ser muita ou pouca gente, foi a que foi votar”, afirmou, salientando que é também preciso “reganhar a confiança dos viticultores”.
Porque, acrescentou, “todos estes avanços e recuos da Casa do Douro, fizeram com que pessoas desmobilizassem, não sentissem o chamamento para a votação”.
“Mas isto foi crónico ao longo dos anos, nas eleições no passado a abstenção também era muito elevada", apontou.
Criada em 1932, a organização viu alterados os estatutos para associação privada de inscrição voluntária em 2014 e, dez anos depois, volta a ter uma dimensão pública.
O processo eleitoral foi criticado pelos candidatos, que se queixaram da falta de divulgação do sufrágio e de empenho da comissão eleitoral e da data marcada, num sábado de dezembro, um dia de trabalho para os agricultores e em vésperas de Natal.
Contactada pela Lusa, Manuela Alves disse que os resultados obtidos demonstraram que “foi difícil chegar a todos os viticultores”.
“Não tivemos por trás nenhum organismo que tivesse contribuído para essa divulgação. Nós vamos esperar serenamente pela publicação dos resultados oficiais e depois analisaremos com todo o cuidado e iremos ver de que forma é que vamos encarar isto e como é que os vamos interpretar para, depois, agir em conformidade”, salientou.
A candidata afirmou que os viticultores estão desesperados com a crise que se vive no Douro.
“Não foi fácil chegar a todos, faltaram-nos meios (…). Sentimos que estava muita gente contra o processo e achamos muito inoportuno e de mau gosto que adegas cooperativas tenham utilizado as suas bases de dados para apelar diretamente ao voto”, referiu ainda.
Em simultâneo os viticultores elegeram o conselho regional, com a lista A a obter 1.224 votos, a lista B 1.113 e a lista C 589 votos.
Os resultados definitivos têm de ser afixados até ao dia 31. O mandato é de três anos e a direção eleita tomará posse, em princípio, em janeiro.