"Os problemas de ordem interna e externa que temos de enfrentar não se compadecem com falta de coragem nem com calculismos táticos que visem obediência a outros interesses que não o interesse nacional", avisou Rui Rio no discurso que fez hoje perante os delegados na abertura do 40.º Congresso do PSD, que decorre até domingo no Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

No plano interno, para o presidente cessante do PSD, "é notório que Portugal se preparou mal para um cenário de adversidade", como aquela que está a atravessar atualmente.

"Os fracos níveis de produtividade, para os quais este Governo nunca foi capaz de desenhar uma estratégia de ação consequente, acrescidos da descapitalização da economia e da baixíssima taxa de poupança nacional, reduzem a nossa margem de manobra e dificultam a implementação de uma estratégia de desenvolvimento económico e social, que há muito deveria ter sido uma prioridade governativa", criticou.

Para Rio, "é essa falta de coragem para reformar que mais tem atrasado o país e mais tem ameaçado" o futuro do país.

"Numa sociedade que muda a uma velocidade nunca antes vivenciada, tudo carece de permanente atualização, e um país que é avesso a fazê-la está necessariamente condenado a atrasar-se", criticou.

O líder cessante social-democrata voltou, no seu último discurso, a apelar à necessidade de reformas estruturais no país, uma tónica que sempre defendeu.

"Reformar é, por natureza, enfrentar os poderes setoriais que, ao longo do tempo, foram aproveitando a passividade do poder para se irem instalando de acordo com as suas conveniências. E quanto mais o tempo passa, maior é o enquistamento e, consequentemente, maior é a força da teia de interesses individuais que crescem ancorados nessa inação", avisou.

Na opinião de Rio, "compete ao poder político agir, repondo a lógica democrática", o que "mais não é do que a implementação das medidas estruturais necessárias para recolocar o interesse coletivo acima de tudo o mais".

JF // JPS

Lusa/fim