Multiplicam-se as reações à decisão desta semana do Banco Central Europeu (BCE) de manter as taxas de juro nos 2%, enquanto já se desenham cenários para a próxima reunião, marcada para 11 de setembro. Tudo dependerá do nível de taxas aduaneiras que os Estados Unidos irão impor à União Europeia (UE) no próximo dia 1 de agosto. Entre os 15%, que fazem parte de um dos cenários de contingência do BCE, e os 30%, que ultrapassam todas as previsões, a maioria dos analistas considera que o BCE não deverá alterar o valor atual de 2%.

Nesta sexta-feira, Martins Kazaks, membro do Conselho do BCE, afirmou em entrevista em Frankfurt que «manter as taxas nos níveis atuais tem valor, e já passou a época das decisões descabidas, como aumentá-las ou diminuí-las». O responsável acrescentou: “não há necessidade de ficar nervoso; não há necessidade urgente de aumentar as taxas. Dados os nossos cortes consideráveis e contínuos no último ano, ainda há muita flexibilização monetária a aplicar na economia”.

Antes da decisão desta semana do BCE, Kazaks já se tinha manifestado contra uma descida, afirmando que o BCE deveria manter uma “margem de manobra” durante algum tempo. Em junho, acrescentou: “não creio que o mercado deva esperar que a trajetória de redução das taxas em todas as reuniões continue. Não há necessidade e há valor em manter o espaço político”.

A agência Europa Press ouviu vários analistas de instituições financeiras, que consideram que, apesar de a hipótese de uma descida “estar em cima da mesa para setembro”, o resultado das negociações entre a UE e os EUA sobre as tarifas será determinante para a decisão final.