A IBM, sediada em Armonk, Nova Iorque, é mais uma das multinacionais de origem norte-americana que anunciaram estar a trazer novamente a produção para dentro de fronteiras. Tal como a sua concorrente direta, a Nvidia, a maior fabricante de semicondutores do mundo, e a terceira empresa mais valiosa em bolsa, está igualmente a fazer um movimento de retorno da produção para o território americano. Este é, aliás, um dos objetivos da política comercial do executivo de Donald Trump, que pretende, segunda afirma, reindustrializar o país, que nos últimos anos deslocalizou boa parte da sua produção para a Ásia.

Também este mês de março, o presidente dos Estados Unidos se congratulou com a decisão da companhia Johnson & Johnson anunciar um plano de 55 mil milhões de dólares (cerca de 48,7 mil milhões de euros) de investimento na produção americana, o que considerou ser uma vitória para a sua administração. Certo é que muitos dos grandes investidores norte-americanos, como os «tubarões» do programa Shark Tank, aconselhavam as startups que avaliavam e apoiavam, a produzir fora do país, em locais onde a sua rentabilidade seria maior.

“Temos nos concentrado em produzir e criar empregos no país desde nossa fundação, há 114 anos. Com este investimento e compromisso de fabrico local, estamos a garantir que a IBM continue sendo o epicentro dos recursos de computação e de IA mais avançados do mundo”, disse Arvind Krishna, CEO da IBM, em comunicado.

Foi na passada segunda-feira que a IBM anunciou que iria investir qualquer coisa como 150 mil milhões de dólares (cerca de 131,5 mil milhões de euros) – sim, leu bem – no decorrer dos próximos cinco anos para impulsionar o crescimento tecnológico e o fabrico de computadores nos Estados Unidos. Nos planos de investimento está delineado um valor de 30 mil milhões de dólares (cerca de 26,3 mil milhões de euros) para a produção de computadores mainframe e quânticos.

Em comunicado, a empresa afirma que este investimento ajudará os Estados Unidos a reforçar o seu papel como líder mundial no setor tecnológico e informático, dinamizando assim a economia nacional. A empresa reforçou ainda no comunicado que opera a maior frota mundial de sistemas de computadores quânticos e continuará a construí-los e a montá-los nos EUA.

Arvind Krishna, CEO da IBM, disse a propósito que “Temo-nos concentrado em produzir e criar empregos no país desde nossa fundação, há 114 anos. Com este investimento e compromisso de fabrico local, estamos a garantir que a IBM continue sendo o epicentro dos recursos de computação e de IA mais avançados do mundo”. Este anúncio surgiu numa altura em que a Casa Branca isentou das tarifas de importação equipamentos e produtos tecnológicos como chips, smartphones, computadores e outros dispositivos. O CEO da IBM tem uma carreira de mais de 30 anos dentro do grupo, tendo sido responsável pelo desenvolvimento da área de Inteligência Artificial, da computação quântica e do Blockchain. Assumiu a liderança da empresa em abril de 2020, na fase inicial da pandemia.

IBM vale em Bolsa 221,56 mil milhões de dólares

A IBM tem atualmente uma capitalização bolsista de 221,56 mil milhões de dólares (cerca de 194,3 mil milhões de euros) sendo a 57º maior empresa mais valiosa do mundo por valor de mercado. Este investimento agora anunciado representa bem mais de metade do valor global da empresa, um esforço financeiro que muitos consideram um risco. As ações da companhia caíram cerca de 3% nos últimos dias, para os 238,40 dólares (cerca de 209 euros) cada.

A IBM, o maior empregador do setor da tecnologia no mundo, com aproximadamente 427 mil funcionários, regrediu na suas politicas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) tal como muitas outras norte-americanas.

No final da semana passada a tecnológica anunciou os seus resultados trimestrais, que foram um pouco melhores do que as expectativas do mercado, animando os analistas. A empresa registou um volume de negócios de 14,54 mil milhões de dólares (cerca de 12,75 mil milhões de euros) nos primeiros três meses do ano. Ainda assim, o lucro da atividade trimestral caiu para mil milhões de dólares (cerca de 877 milhões de euros).

A IBM é também o maior empregador do setor da consultoria e tecnologia no mundo, com aproximadamente 427 mil funcionários em 170 países. E, foi também uma das multinacionais que regrediram na sua política de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), tal como pedido pelo executivo de Donald Trump. Entre as várias empresas que já anunciaram o cancelamento das suas atividades de diversidade e inclusão estão a Goldman Sachs, a Warner Bros, a Paramount, a Bank of America, entre muitas outras.