"Desses 47 milhões de euros, 15 milhões serão para Cabo Delgado, que se juntam aos 11 milhões de euros em projetos em curso na província", lê-se no comunicado.

Cabo Delgado será a principal província destinatária de projetos e de financiamento, que vão também chegar às restantes regiões do norte, Nampula e Niassa.

A cooperação espanhola continuará a trabalhar "prioritariamente nas regiões norte e sul do país, áreas históricas de ação, e onde atualmente é implementado 70% do financiamento espanhol, com uma elevada presença de ONG [organizações não-governamentais] e da cooperação bilateral", acrescenta a nota.

Outra parte importante do apoio espanhol, no valor de 11 milhões de euros, será entregues à União Europeia (UE) no âmbito da cooperação delegada pelo reino espanhol na organização.

No âmbito da UE, Espanha apoiará projetos de combate à corrupção e de adaptação às alterações climáticas

Espanha continua a apontar o Centro de Investigação em Saúde da Manhiça (CISM) como um "projeto emblemático", que visa procurar soluções para "as principais doenças transmissíveis que afetam Moçambique e os países em desenvolvimento".

O novo quadro de associação entre países foi assinado na quinta-feira na sede da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), em Madrid, pela secretária de Estado da Cooperação Internacional de Espanha, Pilar Cancela, e pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Manuel Gonçalves.

A assinatura decorreu a par da sétima reunião da Comissão Mista Hispano-Moçambicana de Cooperação.

"A ação humanitária da Cooperação Espanhola dará uma importância fundamental ao respeito pelos princípios humanitários e à proteção dos direitos das pessoas afetadas por catástrofes como ciclones e secas", conclui.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.

LFO // LFS

Lusa/fim