António Rios Amorim, presidente da Corticeira Amorim, fala de “adversidades” para apresentar o desempenho do grupo nos primeiros nove meses do ano, com quebras de 28% nos lucros, para 48 milhões de euros, e de 4,8% nas vendas, para 726,2 milhões de euros.

Na apresentação dos resultados até setembro, a Corticeira refere “uma melhoria no terceiro trimestre”, mas nota que, apesar disso, “a evolução das vendas reflete na generalidade o contexto adverso do mercado, com impacto na performance dos volumes”. Quanto à descida dos resultados líquidos, reflete o impacto da inclusão de custos não-recorrentes (5,3 M€) e o aumento dos encargos financeiros em consequência do maior endividamento médio, explica.

Todas as unidades de negócio registaram uma redução das vendas, exceto a Amorim Cork Composites”, com uma subida de 4,6%, para os 90,8 milhões, indica o grupo líder mundial no sector da cortiça.

Margem EBITDA desce para 17,6%

O EBITDA consolidado ascendeu a 127,6 milhões, abaixo dos 139,8 milhões de setembro de 2023. “Apesar dos benefícios decorrentes da redução dos custos de matérias-primas não cortiça, de maiores eficiências industriais e das melhorias do mix de produto, a rentabilidade foi penalizada pelo aumento dos preços de consumo de matérias-primas cortiça e pelo efeito da desalavancagem operacional”, diz o comunicado.

A margem EBITDA cifrou-se em 17,6% (18,3% um ano antes) e a dívida remunerada líquida fechou nos a 214,1 milhões, acima dos 204 milhões de setembro de 2023, mas abaixo dos 240,8 milhões relativos a dezembro do ano passado.

“Apesar do aumento do investimento em ativo fixo (31,9 milhões de euros), do pagamento de dividendos (26,6 milhões) e do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (5,3 milhões), foi possível reduzir a dívida líquida em 26,7 milhões face ao final de dezembro de 2023”, destaca o comunicado antes de avançar uma proposta de a distribuição parcial de reservas de 0,09€ por ação aos acionistas na Assembleia Geral de Acionistas de 2 de dezembro.

A ambição é “continuar a crescer no futuro”

No comentário aos resultados, António Rios Amorim admite que “apesar da recente melhoria das condições de mercado em alguns segmentos onde opera, a atividade da Corticeira Amorim continua a ser condicionada pela baixa visibilidade e pela pressão sobre os volumes. Como antecipado, a rentabilidade foi afetada pelos elevados preços de consumo de cortiça, reflexo das condições da campanha de cortiça de 2023, apesar dos benefícios decorrentes do aumento da eficiência industrial e da melhoria do mix”.

Estas adversidades não constituem, no entanto, um obstáculo à nossa ambição de garantir uma gestão eficiente dos recursos e de continuar a crescer no futuro”, acrescenta numa nota sobre a reorganização do grupo: “Acreditamos que a criação da Amorim Cork Solutions conduzirá a uma gestão mais integrada das operações e potenciará sinergias industriais, comerciais e de suporte, fortalecendo o negócio “não rolha”".

Outra nota do presidente do grupo sublinha o investimento recente feito no segmento dos espumantes, com reforço de “competências e abrangência da oferta através da aquisição, pelo grupo SACI, da sociedade italiana Intercap S.r.l., especializada na produção de cápsulas de ‘surbouchage’ (cápsula metálica no cimo da rolha) para espumantes e vinhos tranquilos”.