
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) atingiu, em 2024, um lucro recorde de 1,74 mil milhões de euros, uma subida de 34% face a 2023. No ano passado, o banco do Estado conseguiu alcançar uma margem financeira de 2,78 mil milhões, o que compara negativamente com os 2,87 mil milhões registados no período homólogo. O CEO da CGD, Paulo Macedo, destaca a entrega de 1,71 mil milhões de euros ao Estado. Destes, 825 milhões são em dividendos e o restante em IRC e custos regulatórios.
No que diz respeito à margem financeira, esta acompanha a evolução das taxas de juro, nota o banco, que entraram em 2024 numa rota descendente. Houve mais volume de crédito, que compensou em parte a descida, explica Paulo Macedo. Nas comissões, estas aumentaram 3% face a 2023. Este crescimento não se deu por alterações ao preçário, mas sim por aumento do volume de negócios, segundo a empresa. Em 2025, a empresa vai manter as comissões congeladas pelo terceiro ano consecutivo.
Os custos do banco ascenderam a 1,06 mil milhões, uma subida de 43 milhões (+4,2%) em relação a 2023. O rácio de eficiência do banco fixou-se em 29,9%, abaixo da média europeia 52,6% e da média nacional de 31,9%.
Sobre a capitalização da CGD, esta alcançou um rácio CET1 de 20,3%, o mesmo que no ano anterior. Por sua vez, o rácio de capital total fixou-se em 20,5%, uma ligeira quebra de 0,1 pontos percentuais (pp). Já o rácio de cobertura por liquidez fixou-se em 322,9%, uma redução de 0,9 pp. Em termos de NPL, o banco conseguiu um rácio de 1,48%, abaixo dos 1,65% do ano anterior e também abaixo da média europeia de 1,9%.
A CGD destaca também que o capital gerado desde 2017 supera 1,6 vezes o investimento público do plano de recapitalização. 2024 foi também o final do plano estratégico em vigor desde 2021 e todas as métricas foram alcançadas. Sublinha-se o rácio de eficiência abaixo de 45% atingido, o rácio CET1 acima de 15% atingido, bem como o índice de reputação e ainda o perfil de baixo risco da empresa.
O total de recursos dos clientes da CGD ascendeu a 110 mil milhões de euros, um crescimento de 6,6% em termos homólogos. Do lado do crédito a clientes, o grupo teve um aumento de 5,2% ao nível do grupo, tendo a carteira de crédito atingido 55,4 mil milhões de euros. Mais especificamente, o crédito à habitação cresceu 3,9% para 25,53 mil milhões de euros.
Na garantia pública, o banco regista, até fevereiro, 3294 pedidos, que totalizam 610 milhões de euros. Destes, estão 826 operações contratadas ou em fase final de contratação, que representam um volume de 155 milhões de euros.
Na atração de talento, o banco contratou 172 estagiários e 255 colaboradores, tendo retido 51% dos estagiários. No total, o Grupo CGD fechou 2024 com 886 agências e 10817 trabalhadores. O grupo tem, portanto, mais três agências desde 2023 e menos 93 colaboradores. Em Portugal apenas, o número de trabalhadores baixou de 6243 para 6067. O número de agências Em relação à massa salarial, esta aumentou 8,8%, ficando a remuneração mínima total bruta em 1533 euros, superior em 232 euros à média da função pública e do setor privado.
O novo plano estratégico está em forma de esboço por enquanto, revela Paulo Macedo. Este novo plano terá de ser aprovado pelo novo Conselho de Administração e o líder da CGD aponta para o próximo trimestre a apresentação do mesmo. Sobre a renovação do mandato do conselho, os nomes avançados continuam a aguardar confirmação por parte das autoridades competentes. No entanto, o CEO da CGD não confirma os nomes avançados nos media enquanto não houver confirmações dessas mesmas entidades.
“Nós não ditamos taxas de juro”, reforça Paulo Macedo, desvalorizando as questões sobre a fraca remuneração de depósitos que se confirma em Portugal face à Zona Euro.
A CGD mantém “a mesma posição”, no que diz respeito ao Novo Banco, esclarece o CEO. Isto é, continuam atentos às oportunidades que podem acrescentar valor, mas nota que o antigo BES é que traça o seu caminho. Sobre a possibilidade de o banco ir parar a mãos espanholas, Paulo Macedo considera que é preocupante a banca espanhola ter 45% do mercado, sublinha.
Em relação à aplicação do capital do banco, Paulo Macedo acredita que não há melhores aplicações para o acionista – o Estado – tendo em conta que mais de 800 milhões vão para os dividendos, outro tanto vai para IRC e o restante fica na CGD, que pertence ao Estado, explica o líder do banco.
Sobre a alienação de ativos estrangeiros, fica-se a saber que houve manifestações de interesse no negócio no Brasil, sem mais adiantamentos sobre o assunto da parte do CEO.