As Nações Unidas preveem que África vai albergar 60% das pessoas em situação de fome no mundo até 2030 e avançou que 307 milhões de africanos passaram por esta realidade em 2024, num relatório divulgado.

No estudo “Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2025 – Enfrentar a inflação elevada dos preços dos alimentos para a segurança alimentar e a nutrição”, feito em cooperação por várias agências das Nações Unidas, indica-se que, de uma forma geral, apesar da produção alimentar global, milhões de pessoas passam fome ou estão subnutridas porque os alimentos nutritivos não estão disponíveis, não são acessíveis ou, mais frequentemente, não são financeiramente acessíveis.

Consequentemente, segundo o documento, os países e comunidades de baixo rendimento são os mais afectados pela fome, pela insegurança alimentar e pela subnutrição, sendo desproporcionalmente afectados pela inflação dos preços dos alimentos.

“As estimativas globais actualizadas apontam para sinais de uma diminuição da fome no mundo nos últimos anos. Estima-se que 8,2% da população global tenha enfrentado a fome em 2024, abaixo dos 8,5% em 2023”, no entanto, essa realidade contrasta “com o aumento contínuo da fome na maioria das sub-regiões de África e na Ásia Ocidental”, pode ler-se no documento.

Com a insegurança alimentar a aumentar em África, em 2024 a fome afetou cerca de 307 milhões de pessoas no continente (o que equivale a uma em cada cinco pessoas), frisa-se.

O número de pessoas incapazes de garantir uma dieta saudável aumentou em África, passando de 864 milhões para pouco mais de mil milhões.

“Espera-se que o número global de subnutridos diminua, mas 512 milhões de pessoas ainda deverão enfrentar a fome em 2030, das quais quase 60% estarão em África”, lamenta-se no relatório.

Ainda sobre os dados da subnutrição, em 2024, África tinha uma percentagem de 20,2% – um aumento de 0,2 pontos percentuais face a 2023, e a África Central era a região com maior percentagem de subnutridos no continente (30,2%).

De acordo com a investigação, a prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave em África (58,9%) é mais do dobro da média global, de 28%. No documento indica-se que de 2022 a 2024 a insegurança alimentar em África piorou tanto nas áreas rurais como nas urbanas e permaneceu praticamente inalterada nas áreas periurbanas.

De acordo com o relatório, citado pela Lusa, quatro dos cinco países que em 2024 tinham o maior número efetivo de pessoas a enfrentar altos níveis de insegurança alimentar aguda são africanos: República Democrática do Congo (RDCongo – país vizinho de Angola), Sudão, Nigéria e Etiópia.