
O Banco de Espanha divulgou nesta terça-feira os principais indicadores do sistema financeiro espanhol referentes ao primeiro trimestre de 2025. Comparando com Portugal — onde o Banco de Portugal tinha publicado dados semelhantes a 26 de junho — conclui-se que, salvaguardando as respetivas dimensões, a banca portuguesa está mais sólida, mas menos rentável do que a espanhola.
No que toca à solidez, entre janeiro e março de 2025, o rácio CET1 era de 17,9% em Portugal e de 13,6% em Espanha.
Em termos de balanço, o rácio de transformação da banca portuguesa manteve-se em 74,9%, refletindo a descida de 1% nos depósitos de clientes e aumento de 0,9% nos empréstimos. Em Espanha, o rácio crédito/depósitos subiu para 95,53% no primeiro trimestre de 2025, face a 94,56% no trimestre anterior.
Em Portugal, o rácio de cobertura de liquidez (LCR) caiu 4,6 pontos percentuais face a dezembro de 2024, para 267%. Esta descida deveu-se sobretudo à redução de ativos líquidos de elevada qualidade, em particular das disponibilidades junto dos bancos centrais, e ao aumento das saídas de liquidez, principalmente associadas a depósitos não operacionais. Em Espanha, o mesmo rácio recuou para 171,33% no primeiro trimestre de 2025.
Quanto à qualidade dos ativos, o rácio de crédito malparado (NPL) bruto em Portugal desceu 0,1 pontos percentuais, para 2,3%, refletindo uma ligeira redução destes empréstimos num contexto de estabilização do crédito saudável. O rácio de NPL líquido de imparidades manteve-se em 1,1%. Em Espanha, o mesmo indicador (excluindo saldos em numerário nos bancos centrais e depósitos à ordem em outras instituições de crédito) continuou a diminuir, fixando-se em 2,86% no primeiro trimestre de 2025.
Os créditos em stage 2 (ainda sem incumprimento, mas com sinais de maior risco) diminuíram para 11,8% no caso das empresas (-0,4 p.p.), mantendo-se estáveis nos particulares, em 8,9%. Nos bancos espanhóis, o rácio agregado destes créditos situou-se em 6,05% no mesmo período.
O custo do risco de crédito em Portugal fixou-se em 0,14%, uma descida homóloga de 0,05 pontos percentuais, explicada pela redução de imparidades. Em Espanha, registou-se um ligeiro aumento para 0,91%, face a 0,89% no trimestre anterior.
No que respeita à rendibilidade, os bancos portugueses tiveram uma ligeira quebra no primeiro trimestre, tanto do ativo (ROA) como dos capitais próprios (ROE), que recuaram face ao mesmo período de 2024 para 1,29% (-0,11 p.p.) e 13,94% (-1,54 p.p.), respetivamente. Esta evolução resultou da redução da margem financeira, em particular da descida dos juros.
Já os bancos espanhóis apresentaram uma evolução positiva: a rendibilidade anualizada dos capitais próprios atingiu 14,43% no primeiro trimestre de 2025, aumentando face a 13,72% no trimestre anterior e a 12,28% no mesmo período de 2024.