São os incentivos errados que estão a levar à subida de venda de carros elétricos, criticam os ambientalistas, confrontados com os números revelados nesta semana pelo governo alemão, que apontam para 55% dos novos veículos a bateria comprados na Alemanha serem SUV. "Em vez de responderem à procura com carros elétricos acessíveis para a população em geral, os fabricantes de automóveis estão a concentrar esforços na produção de SUV elétricos, mais caros, para maximizar os seus lucros", acusa a Greenpeace.

Os números do governo alemão revelam que a categoria de carros pequenos e compactos representa apenas 26% dos novos registos, quando 51% dos veículos a bateria recém-registados na Alemanha foram SUV; o peso sobe quando são incluídos os veículos off-road, chegando a pouco menos de 55% das vendas dos dois primeiros terços do ano, segundo os últimos dados da Autoridade Federal de Transporte Motorizado (KBA, na sigla original).

A predominância de SUV e veículos off-road é maior entre os carros 100% elétricos do que no mercado geral. Juntos, eles representam pouco menos de 41% de todos os novos registos, o que revela que essa não tem sido a escolha vencedora entre os compradores de carros mais pequenos e económicos.

Ferdinand Dudenhöffer, especialista na indústria automóvel, vê a popularidade fundamental dos SUV como a principal razão para os altos números no setor de veículos a bateria, razão pela qual, entende, quem quer lançar um novo modelo hoje irá preferencialmente oferecê-lo em versão SUV, mesmo porque o design é mais adequado, oferecendo mais espaço para as baterias debaixo do chão elevado.

Para a Greenpeace, os incentivos estão todos errados nessa tendência. "A predominância dos SUV elétricos não só desperdiça recursos como, acima de tudo, é injusta", considera a especialista em transportes da organização ambiental, Marion Tiemann, criticando a atitude das construtoras.