Nas últimas semanas, tem-se ouvido cada vez mais que vós, enquanto líderes empresariais, devem escolher entre os Estados Unidos e a China. A todos vós, digo claramente: pelo contrário, agora é o momento de escolher a Europa!

Em primeiro lugar, porque escolher a Europa significa escolher a força de um modelo democrático único que associa o sucesso económico ao Estado de direito, à descarbonização, ao progresso social e ao respeito pelo indivíduo. Numa altura em que alguns governam com uma visão a curto prazo, este modelo oferece a previsibilidade a longo prazo essencial para quem deseja investir.

É certo que este desejo muito europeu de conciliar «fazer bem» (economicamente) e «fazer o bem» (social e ambientalmente) conduziu a encargos administrativos excessivos. Muitos de vós queixaram-se disso, e com razão. É por isso que a Comissão Europeia lançou uma ofensiva de simplificação sem precedentes. Até ao final do mandato desta Comissão, reduziremos os encargos administrativos das grandes empresas em 25 % e das PME em 35 %. O nosso credo é simples: pedir menos para que se possa fazer mais.

Em segundo lugar, porque escolher a Europa significa aceder ao poder de compra de 450 milhões de consumidores. Mas hoje em dia existem tantos obstáculos ao mercado único que as nossas empresas estão a internacionalizar-se antes de se europeizarem. Amanhã, tem de ser o contrário. É esse o objetivo da «estratégia para o mercado único» que apresentaremos em 21 de Maio. Num mundo incerto, queremos que os principais parceiros comerciais dos europeus sejam... os próprios europeus.

Temos também de ajudar as empresas que fabricam na Europa a combater a concorrência desleal dos produtos chineses subsidiados, vendidos a preços muito baixos. Para tal, propomos garantir as carteiras de encomendas das nossas empresas, introduzindo um nível mínimo de produtos limpos «fabricados na Europa» nos nossos contratos públicos e em determinados mercados privados. Por exemplo, gostaria de ver um nível mínimo de aço europeu, componentes europeus e baterias europeias nas frotas de veículos das empresas.

Escolher a Europa significa também dar-vos acesso privilegiado a uma vasta gama de mercados globais, graças à vasta rede de parcerias comerciais que a Europa construiu ao longo do tempo. Garante recursos diversificados, evitando o perigo da dependência de um único fornecedor.

Por último, mas não menos importante, escolher a Europa significa ter acesso aos melhores talentos do mundo. A excelência da nossa formação profissional e o respeito pela liberdade, diversidade e proteção social fazem da Europa um destino de eleição. Aqui, as suas escolhas e decisões económicas diárias não estão sujeitas a decisões políticas arbitrárias.

Chegou o momento de intensificar os nossos esforços para atrair todos os tipos de talentos. A Europa está a mobilizar 500 milhões de euros para atrair (para não dizer repatriar) investigadores de todo o mundo. No final do mês, apresentaremos também uma estratégia para apoiar as nossas start-ups e scale-ups – desde autorizações aceleradas e simplificadas até ao aumento do investimento de capital privado – através, por exemplo, de novos produtos de poupança europeus destinados às empresas e aos empregos europeus. A Europa está a responder ao atual contexto geopolítico excecional. Pela primeira vez, coloca a preferência europeia no centro da sua doutrina económica. Põe fim à ingenuidade que há muito colocava as nossas empresas numa situação de desvantagem estrutural (porquê impor-nos normas que outros não têm de cumprir?).

Não, a Europa não é os Estados Unidos. Nem é a China. É um continente único que associa deliberadamente o sucesso ao esforço, o poder ao dever e a competitividade da nossa indústria à sobrevivência do nosso planeta. Isto não é idealista nem ilusório. É a única via a seguir.

Por isso, apelo a todos vós, líderes de pequenas, médias e grandes empresas: sejamos pragmáticos e orgulhosos e escolham a Europa!