
Em jogo decisivo para as contas da manutenção, os adeptos de AFS e Boavista disseram presente e deslocaram-se em massa ao Estádio do Clube Desportivo das Aves. A escolha da data por parte da Liga não ajudou, mas no final de um dia de trabalho o recinto estava praticamente lotado, à exceção da bancada nascente que permaneceu encerrada. No momento do apito inicial, porém, uma grande parte dos adeptos boavisteiros ainda não tinham conseguido entrar no estádio, denotando alguma falta de eficiência na parte logística.
Não veio daí mal ao mundo, uma vez que os primeiros 45 minutos quase não tiveram história. Ambas as equipas entraram de forma cautelosa, o que se justificava pela posição desconfortável que ocupam na tabela classificativa. O empate seria mau para os dois emblemas e esperava-se que o intervalo fosse um ponto de viragem na maneira de encarar a partida. Durante o descanso, a mascote do clube da casa, Falcanjo, tentava levantar os ânimos do público avense.
A turma da cidade invicta regressou dos balneários com mais vontade e estava por cima do jogo quando o AFS SAD chegou ao golo. Nenê voltou a provar que velhos são os trapos e desviou de cabeça um livre direto apontado por Piazon, colocando a bola onde nem com asas Vaclík chegaria. O guardião checo viria a fazer uma defesa importante, frente ao isolado Piazon, evitando um 2-0 que colocaria o Boavista em muito maus lençóis.
Em momentos difíceis, a capacidade de resiliência é muitas vezes quem dita o vencedor, assumindo até um papel mais importante que os aspetos técnico-táticos. Os axadrezados reagiram da melhor forma ao golo sofrido, mantendo o caudal ofensivo (que só pecou por não ter aparecido logo no primeiro tempo) e conseguindo chegar ao empate poucos minutos depois, com um belo remate de fora da área de Seba Pérez.
No último quarto de hora de jogo, a necessidade dos três pontos começou levantar a voz e as duas equipas começaram a arriscar mais. Quando o jogo se aproximava do fim e a queda das panteras parecia quase certa, Bozenik colocou uma bola perfeita nos pés de Diaby, que rematou cruzado para se tornar o herói dos fãs do Boavista. O desalento dos adeptos da casa foi notório, com muitos a abandonar imediatamente os seus lugares. Atrás da baliza de Vaclík, viveu-se o êxtase de uma salvação que ainda não está nem de perto nem de longe assegurada.
O treinador escocês Stuart Baxter declarou que não queria uma descida de divisão no currículo e já esteve mais longe de evitar esse desfecho. Em declarações à imprensa, o técnico do Boavista rendeu-se à energia de um “jogo grande”, que contou com uma energia tremenda e uma bonita comunhão entre jogadores e adeptos após o apito final.
Após sete derrotas em oito jogos, a equipa da Vila das Aves está pela primeira vez em lugar de descida direta, no pior timing possível. Na próxima jornada, a deslocação à Reboleira não se prevê fácil, com o Estrela a querer garantir definitivamente a manutenção.
A equipa que garantir o antepenúltimo lugar irá deparar-se com sérias dificuldades no playoff, algo que pode ser afirmado mesmo com o adversário por definir. As equipas do topo da Segunda Liga estão a praticar um futebol bem mais desenvolto e chegarão à eliminatória com elevado nível de motivação. Com AFS SAD, Farense e Boavista empatados com 24 pontos cada, está garantido que a emoção das últimas duas jornadas não se vai resumir à luta pelo título.