Vasco Botelho da Costa, treinador do Moreirense, projetou, ao final da manhã desta sexta-feira, a partida com o Santa Clara. O jogo terá lugar este domingo, pelas 18 horas, nos Açores.

O Moreirense pode beneficiar do facto de o Santa Clara ter jogado esta quinta-feira para a Liga Conferência? "Os jogos que o Santa Clara já fez condicionam do ponto de vista positivo tendo em conta que vem com um ritmo de jogo. É uma equipa que vem com dinâmica de vitória de praticamente dois anos. Acho que isso acaba por superar qualquer tipo de cansaço que possa haver. Como é óbvio há, eventualmente poder-se-á ter sentido um pouco no jogo com o Famalicão, mas eu acho que o Santa Clara é uma equipa de mentalidade, uma equipa de intensidade, uma equipa que representa autenticamente os valores do treinador, que tem feito um trabalho incrível. Faz da solidez defensiva uma arma muito forte, é muito difícil fazer golos à equipa do Santa Clara, uma equipa muito intensa, uma equipa que sabe jogar diferentes tipos de jogo, um jogo mais associativo, mas também se tiver que jogar um jogo mais físico, um jogo mais direto, até porque a relva nos Açores nem sempre permite um jogo muito fluido. A verdade é que eles têm uma capacidade de adaptação tremenda e, portanto, como é óbvio, é um adversário que nos vai desafiar muito, porque vai também obrigar-nos em determinados momentos a fazer coisas que ainda não tivemos que fazer, passar por coisas que ainda não passámos esta época. Mais do que olhar para os problemas ou dificuldades, olhamos como desafios e tentar crescer sobre isso e dar a melhor resposta possível". 

Em relação ao jogo com o Alverca, o que é que de positivo já viu, que tenha já um bocadinho do seu dedo? "O jogo com o Alverca acaba a aparecer um bocadinho uma consequência daquilo que foi a pré-temporada. Para nós fica muito claro, principalmente na primeira parte, o que é que a equipa procura, quais são os objetivos do nosso jogo, um bocadinho aquela palavra que é identidade. Agora também sabemos que nesta fase fica muito difícil ao longo dos 90 minutos nós mantermos sempre fiéis, porque efetivamente há um cansaço que também é gerado nesta fase, porque ainda não temos muitos estímulos de 90 minutos. Há uma ideia que está a ser transmitida, mas que ainda não está totalmente consolidada e da qual nos acabamos por nos afastar um bocadinho na segunda parte. Acaba por ser uma constatação natural do período em que estamos, da novidade da equipa técnica, da novidade de alguns colegas e do entrosamento uns com os outros. Efetivamente estamos no bom caminho, satisfeitos com algumas coisas, não tanto com outras, mas também esse é o nosso trabalho semanal. É olhar para o jogo do Alverca, reforçar aquilo que temos que reforçar positivamente, perceber que coisas é que temos que melhorar para o futuro. Agarrar um bocadinho em tudo isso e preparar o jogo dos Açores". 

Sente alguma lacuna no Santa Clara que o Moreira se pode explorar? "Não, não me parece. É uma equipa muito intensa. A verdade é que, tirando aquelas cinco equipas do costume, a maior parte das equipas têm que saber não ganhar jogos Liga. São raras as equipas que conseguem fazer séries de vitórias. Para o Santa Clara ter feito a temporada que fez na época passada foi porque conseguiu sempre dar boas respostas. Acaba por ser o mais importante a identidade da equipa, o caráter da equipa, o caráter do treinador, o caráter dos atletas, e efetivamente eu acho que é aí que o Santa Clara tem um dos seus pontos fortes. Agora, não deixa de ser uma equipa com as suas fragilidades, em que nós acreditamos que há situações que podemos virar a nosso favor. Porque uma das coisas que nós ambicionamos muito é entrar em cada jogo, seja quem for o nosso adversário, e conseguir lutar pelos três pontos. Mais do que olhar para a questão do resultado, é olhar para as dinâmicas, perceber que o Santa Clara num momento de desvantagem tentou fazer algumas coisas que não eram tão comuns, coisas que apareceram mais este ano do que propriamente na temporada passada. E isso sim é importante para nós, percebermos aquelas variações táticas que podem surgir, num momento em que o jogo não esteja a correr tão bem.

No último jogo colocou o Ofori numa posição um bocado diferente daquilo que tinha feito. "É aí que nós olhamos mais para ele. Sentimos que, pelo menos neste sistema, nestas funções, onde nós olhamos ali mais para um jogador de construção, mais posicional, sentimos que o Ofori é um jogador que acaba por ter um bocadinho mais de mobilidade, mas que ao mesmo tempo também não é um jogador que tenha um raio de ação estrondoso, nem do ponto de vista defensivo, nem do ponto de vista ofensivo. Mas depois é um jogador que do ponto de vista técnico é muito evoluído, consegue resolver problemas no espaço curto, é um jogador que tem transporte de bola, é um jogador que tem bom timing de ataque à profundidade, aquelas ruturas curtas. No nosso entender, acho que partindo daquele princípio que nós gostamos, que é colocar as características do jogador ao serviço da ideia, achamos que ele pode ter mais sucesso jogando mais aí.

Já pode contar com o Jimi Gower? "Em princípio não. Não tenho essa indicação, não podemos contar".