Era preciso fazer o que ainda não havia sido feito, e o Farense fê-lo. Ao 29º jogo no D. Afonso Henriques, o Farense venceu pela primeira vez o Vitória SC (1-2) e ganhou fôlego na corrida pela manutenção.

Marco Matias inaugurou o marcador em Guimarães bem cedo, Gustavo Silva respondeu a abrir a segunda parte e, na compensação, Povéda gelou o castelo.

Emoção não faltou, anti-jogo também não e o Farense parte vivo para a última jornada, apesar de ainda estar em lugar de descida direta.

Ganhar, mas a que custo?

Em Guimarães jogava-se a Europa e a despromoção. Em caso de vitória dos Conquistadores, a Europa estava garantida em Guimarães na época 2025/26 e o Farense jogaria no segundo escalão na próxima temporada. A garantia para uns, a procura do último balão de oxigénio para outros.

Perante um ambiente de grande altura no D. Afonso Henriques, os escolhidos por Luís Freire começaram a fazer jus ao apoio dos adeptos. Logo a abrir, uma tripla oportunidade para os da casa: Nuno Santos atirou ao poste, Kaique negou a recarga e Falcão cortou nova emenda de Relvas.

@Kapta+

Ora, se em três ocasiões os vitorianos não conseguiram fazer golo, os leões de Faro só precisaram de uma. Com um passe de génio, Rui Costa fez lembrar o seu homónimo - hoje presidente do Benfica - e transformou um dois contra dois ainda em meio-campo defensivo no primeiro golo do jogo. O avançado isolou Marco Matias, este ganhou na velocidade a Borevkovic e bateu Bruno Varela. Que início de jogo!

Depois do golo dos algarvios, pouco se jogou. O Farense colocou os onze jogadores atrás da linha da bola e aproveitou todas os momentos em que o jogo parou para fazer algo que é muito comum em Portugal, mas não deveria ser: o típico queimar de tempo. Caíram Kaique, Pastor - com golpe de teatro aquando de um lançamento -, Neto, Marco Matias e PV, o guardião aproveitou todas as pausas para deixar correr o cronómetro. David Rafael Silva foi permissivo com este tipo de jogo e, no final do primeiro tempo, acrescentou apenas cinco minutos.

O Vitória SC pouco ou nada conseguiu criar e o jogo adversário irritou os jogadores e adeptos vitorianos e, a bem da verdade, praticamente todos os presentes na sala de imprensa do D. Afonso Henriques. De futebol, pouco teve.

Marco Matias, ex-Vitória, não festejou @Kapta+

Emoção até ao final

Luís Freire mexeu ao intervalo para tentar mudar o rumo dos acontecimentos. Vando Félix e Bruno Gaspar entraram, Maga e Beni saíram, transladando Nuno Santos para o corredor central.

A estratégia quase anti-futebolesca de Tozé Marreco resultou no primeiro tempo porém, a abrir o segundo tempo, sofreu um duro revés. João Mendes cobrou um livre à direita e Gustavo Silva - melhor marcador dos Conquistadores - cabeceou para o empate. Depois de quase uma hora a jogar única e exclusivamente para não sofrer, o Farense precisava de marcar.

O golo desorientou os forasteiros, o Vitória aproveitou para fazer mossa e foram quatro as grandes oportunidades em menos de um fósforo. João Mendes, Chucho Ramírez, Handel e Nélson Oliveira estiveram muito perto do golo, este último apenas negado por uma defesa soberba de Kaique.

A dez minutos do fim, um momento decisivo para a história do jogo e do próprio campeonato. David Silva marcou penálti para o Farense - algo forçado - e Rony Lopes - na temporada passada foi herói pelo SC Braga neste estádio -, na cobrança, esbarrou a manutenção dos algarvios no poste direito da baliza de Varela. Incrível!

O golo galvanizou o D. Afonso Henriques e os últimos minutos foram de tensão extrema no castelo: só a vitória interessava às duas equipas. O jogo partiu e, depois do Vitória SC carregar, o Farense chegou mesmo ao golo. Bola para a confusão e Povéda, depois de uma boa receção, gelou o D. Afonso Henriques e deu vida aos leões de Faro!