Rodrigo Mora, 18 anos, soma já 37 jogos pela equipa principal do FC Porto, com 11 golos e quatro assistências. Um diamante em bruto, que na época passada foi a luz ao fundo do túnel de um FC Porto desnorteado. Hoje, sob o comando de Farioli, caiu para um papel secundário. As últimas notícias dão conta de uma possível saída para a Arábia Saudita, numa transferência avaliada em 70 milhões de euros. A questão impõe-se: será este o momento certo para Mora trocar o Dragão pela liga dos milhões, ou deverá encarar esta fase como um desafio e lutar por recuperar a titularidade?

O primeiro ponto é claro: a ligação entre Rodrigo Mora e o futebol saudita dificilmente teria longa duração. O talento do jovem ultrapassa largamente o nível competitivo da liga árabe, e o perfil da contratação não se encaixa no padrão habitual, jogadores consagrados em fim de carreira à procura do último grande contrato.

Ainda assim, a situação lembra a de Gabri Veiga, que trocou o Celta de Vigo pela Arábia. Tal como Mora, era cobiçado por grandes clubes, mas o preço elevado, aliado à falta de consistência típica de quem apenas começava a afirmar-se, fechou portas a transferências para patamares mais exigentes. A Arábia apresentou-se, então, como a solução imediata.

No caso de Rodrigo Mora, o cenário é semelhante, mas não deixa de ter lógica. Aos 18 anos, tornar-se-ia a referência do Al-Ittihad, evoluindo numa liga que, embora menos competitiva, conta hoje com estrelas mundiais em final de carreira, treinadores de topo e infraestruturas de excelência. Garantiria a sua independência financeira e, dentro de três anos, com apenas 21 anos, poderia regressar à Europa em posição de força, livre para escolher o destino que melhor servisse a sua carreira.

Com outra perspetiva, a eventual saída de Rodrigo Mora seria apenas mais um sinal de que o futebol que conhecemos está a mudar — e, talvez, a morrer. Falamos possivelmente do melhor talento sub-19 do mundo, que poderia abandonar precocemente o futebol europeu para ingressar na liga saudita.

Um jogador que engana menos que o algodão, que mostra em campo o que realmente vale, estaria a deixar um clube de topo europeu não por falta de qualidade, mas por falta de espaço imediato. Na minha ótica, uma saída do FC Porto só faria sentido numa fase mais madura da carreira, nunca neste momento.

Se esta transferência de Rodrigo Mora se concretizar, será um duro golpe não apenas para o FC Porto, mas para todo o futebol português: perderíamos a oportunidade de ver grandes talentos a brilhar na nossa liga, seria um marco negativo para quem sonha em torná-la mais competitiva, atrativa e capaz de reter os melhores jogadores.

Mas os diamantes lapidam-se sob pressão e, por isso, acredito que com Rodrigo Mora não será diferente. Esta adversidade poderá ser justamente a força que o transformará num craque mundial, pronto a dar alegrias não só aos adeptos portistas, mas também a todos os que acompanham e acreditam no futuro do futebol português.