Flair é uma palavra inglesa que significa talento, dom ou aptidão natural. No futebol, essa palavra é frequentemente aplicada para descrever a capacidade de jogar com estilo e elegância, sem esquecer o objetivo primordial do jogo. É também a palavra que surge na cabeça de inúmeros adeptos quando se fala de Jay-Jay Okocha, médio ofensivo nigeriano que espalhou classe pelos relvados nos anos 90 e na primeira década do novo século.

Augustine Azuka Okocha nasceu a 14 de agosto de 1973 em Enugu, na Nigéria, cidade onde começou a sua carreira futebolística ao serviço do Rangers International FC (equipa que é atualmente campeã nigeriana). Em 1990, partiu para a Europa, onde viria a estabelecer-se como uma das figuras mais brilhantes da história do futebol africano.

Depois de uma breve passagem pelos escalões inferiores do futebol alemão, Okocha rumou ao Frankfurt, onde começou a dar nas vistas. O golo que apontou frente a Oliver Kahn, em 1993, foi considerado o melhor do ano por várias revistas desportivas.

Um desentendimento com Jupp Heynkes e a descida de divisão do Eintracht ditaram a saída do internacional nigeriano para o Fenerbahçe, onde apontou 32 golos em duas temporadas. Uma percentagem considerável desses golos foi conseguida de livre direto, sendo essa mais uma das qualidades que Okocha mostrou ter no seu arsenal.

Em 1998, tornou-se o jogador africano mais caro de sempre, graças à mudança para o PSG por cerca de 14 milhões de libras. Durante os quatro anos que passou na capital francesa, o médio demonstrou a sua admirável capacidade de drible, associada a uma boa leitura de jogo e qualidade no remate de longa distância.

Não foi um marcador de golos particularmente prolífico, mas encantou o público parisiense com a sua criatividade. Na época 2001/02, partilhou o campo com outro mágico chamado Ronaldinho Gaúcho.

Saiu para o Bolton Wanderers em 2002 e tornou-se uma das maiores figuras do clube, tendo tido um papel fundamental na fuga à despromoção na sua primeira época e chegando a envergar a braçadeira de capitão. “Tão bom que o batizaram duas vezes” foi a inscrição que se pôde ler em inúmeras camisolas de adeptos do clube inglês. Em 2017, Jay-Jay foi eleito pelos fãs o melhor jogador de sempre a jogar no Reebok/Macron Stadium.

Ao serviço da seleção nigeriana, Okocha participou em três edições do Campeonato do Mundo e em cinco Taças das Nações Africanas, sagrando-se campeão em 1994. Arrecadou ainda o ouro olímpico em Atlanta 1996, fazendo parte de uma geração de ouro das “super águias”.

Inspiração para diversos jogadores africanos (e não só), Jay-Jay Okocha deixou a sua marca no futebol mundial, apesar da inconsistência tática que por vezes lhe foi apontada. Os diversos vídeos de highlights que protagoniza deixam sorrisos na cara de quem recorda o seu talento, 16 anos depois do seu adeus aos relvados.