«Não consigo encontrar nada melhor do que este clube. Se um clube realmente grande não vier à minha procura, prefiro ficar a jogar em Amesterdão toda a vida. A minha saída não é um dado adquirido. Já falei com o Alex Kroes, o nosso diretor desportivo, e ele disse-me que eu devia ficar pelo menos mais um ano.»

As palavras são de Kenneth Taylor e datam de 4 de junho. Ao Sportwereld, o internacional neerlandês, de 23 anos, refletia sobre o momento determinante da carreira. É este um bom momento para mudar de ares ou manter-se fiel ao amor de sempre?

Esta encruzilhada, na verdade, foi e é alimentada por Francesco Farioli. Por dois motivos ou, pelo menos, em dois momentos.

qCom o Farioli no Ajax, o Kenneth Taylor fez a diferença. Tornou-se um box to box completíssimo, capaz de defender, de organizar o jogo ofensivo, de marcar e assistir

Primeiro, porque em 2024, aquando da chegada de Farioli ao Ajax, Taylor atravessava os piores dias no colosso dos Países Baixos. O italiano teve a habilidade de recuperar-lhe o talento e a confiança, fazendo-o crer de que está entre a elite do seu país.

Segundo, porque em 2025 Farioli quer continuar a ser o seu treinador. A primeira oferta do FC Porto é posterior às declarações supracitadas de Kenneth Taylor e chegaram aos 15+2 milhões euros.

Longe, ainda assim, da fasquia mínima estabelecida pelo Ajax. Para Kenneth Taylor rumar ao Dragão, com o estatuto de desejo maior de Francesco Farioli para o meio-campo, os 25 milhões de euros são a exigência definida.

Abaixo disso, garantem-nos a partir do Johan Cruyff Stadium, «nem vale a pena conversar».

Um bom teste à paciência e à habilidade negocial da SAD de André Villas-Boas. Uma coisa é certa e pacífica: Taylor é adorado por Farioli e, a vir para o FC Porto, será referência nas ideias do italiano em 25/26.

«O Farioli apaixonou-se pelo futebol do Taylor»

Futebolista com mais jogos no Ajax 24/25? Kenneth Taylor, 52 presenças oficiais.

Futebolista com mais golos? Kenneth Taylor, com 15 e bem acima do striker Wout Weghorst (11).

De que tipo jogador estamos a falar? A ajuda é dada ao zerozero por Johan Inan, jornalista autor da entrevista a Taylor que abre este artigo e expert em Ajax affairs.

«O Kenneth é muito bom jogador. É um médio dinâmico, que evoluiu muito na época anterior», revela Inan. «Em fevereiro e março de 2024, antes da chegada do Farioli, ele era assobiado pelos próprios adeptos. Diziam que o Kenneth não dava tudo pelo clube e que tinha de sair. Em apenas um ano, tudo mudou.»

O grande responsável por essa metamorfose, além do próprio Taylor, foi o agora treinador do FC Porto.

Kenneth Taylor
Total
Médio
23 anos
245
Jogos
17292
Minutos
49
Golos
33
Assistências
34 1 1 2x

Farioli identificou a margem de progressão real no futebol do médio, apostou no desenvolvimento «da linguagem corporal e no mindset» do pupilo e pediu-lhe «coisas diferentes» em campo.

«Em resumo, o Francesco apaixonou-se rapidamente pelo futebol do Taylor», confidencia Johan Inan. «Com o Farioli no Ajax, o Kenneth Taylor fez a diferença. Tornou-se um box to box completíssimo, capaz de defender, de organizar o jogo ofensivo, de marcar e assistir.»

«Elegante, bom tecnicamente e dono de um pé esquerdo inteligente», Kenneth Taylor foi capaz, de resto, de voltar a entrar nas opções da Laranja Mecânica.

«Esteve mais de dois anos de fora, vítima também da crise do Ajax. Regressou em março deste ano e jogou contra Espanha nos quartos-de-final da UEFA Nations League (substituiu Frenkie de Jong aos 106 minutos).»

Kenneth Taylor soma cinco internacionalizações, a primeira lograda em setembro de 2022. Três anos depois, e sob os bons auspícios de Francesco Farioli, aparenta estar preparado para multiplicar rapidamente esse número.

An english name in Amsterdam

Não é um Englishman in New York, mas a masterpiece de Sting fica-lhe bem.

Talvez por transportar um nome anglo-saxónico, sem os característicos van, aquela centelha que endeusava alguns dos gigantes do futebol holandês - Van Basten, Van Persie, Van Breukelen, Van Aerle, Van Tiggelen -, Taylor passou a vida a esclarecer a sua origem.

Não, não é britânico; não, nunca jogou em Inglaterra. «Nasci em Alkmaar e fui criado em Heiloo, no norte dos Países Baixos», contou Kenneth Taylor ao site oficial do Ajax.

Os pais chama-se Charlotte e Joe, tem dois irmãos e... ok, sim, uma ancestral ligação genealógica à Escócia.

«O meu pai disse-me que muito lá para trás, muito no passado, os nossos antepassados vieram das terras altas escocesas. O Taylor virá daí, mas mais neerlandês do que eu não há.»

Os primeiros passos no mundo da bola foram dados no minúsculo SV De Foresters, perto da casa dos pais, mas aos oito anos já entrava na restrita academia da formação do Ajax, a famosa De Toekomst.

São, por isso, já 15 anos de ligação ao clube.

A 12 de dezembro de 2020 estreou-se pela equipa principal, lançado por Erik ten Hag num 4-0 ao Zwolle. Acumulou, desde então, mais 164 presenças, recheados com 34 golos e 24 golos assistências.

No palmarés ostenta a conquista de duas Eredivisie, uma taça neerlandesa, um Europeu de sub17 pela mini-Laranja e a presença nos convocados de Louis van Gaal para o Mundial de 2022, no Catar.

No Médio Oriente jogou apenas três minutos contra o Catar, mas pode perfeitamente ter mais protagonismo em 2026, no Mundial tripartido entre EUA, Canadá e México.

Se o FC Porto tiver capacidade para contratá-lo, terá em Kenneth Taylor o nome mais mediático neste verão de 2025.