
Conquistado o título distrital, o Oriental concentra-se agora em completar uma época rara no panorama distrital lisboeta para assim arrecadar uma dobradinha que não acontece há quase 35 anos, desde a época 89/90, altura em que o Lourinhanense conseguiu, pela última vez, conquistar os dois troféus na mesma época.
Para o fazer, tem de derrotar o vizinho Olivais e Moscavide na final da competição. Um feito que seria inédito para o clube de Marvila e para Joãozinho, que espera acrescentar mais um marco à sua preenchida carreira depois da performance de qualidade que o coletivo teve no campeonato.
«Acredito que este campeonato é muito competitivo, mas nós tornarmos este campeonato competitivo fácil. Ou seja, ser fácil é um acaso, tornar fácil já é competência e nós fomos muito competentes na época, este campeonato foi sempre muito disputado nos últimos anos», observou.
«Há sempre muitas equipas na luta pela subida e nós este ano, desde que agarrámos a liderança, nunca mais de lá saímos e isso mostra a qualidade que esta equipa tem. Estamos também na final da taça e isso reflete a qualidade individual, coletiva e também do staff técnico que aqui temos, por termos conseguido construir aqui algo mesmo muito bom e começado do zero, porque não podemos esquecer que esta equipa é toda feita a partir do zero, o que dá ainda mais valor», realçou o defensor.
O esquerdino pretende terminar a época em beleza e só depois decidir o seu futuro, com a garantia que o bichinho da competição está bem vivo e que a continuidade no emblema grená está mesmo em cima da mesa.
«Vou analisar tudo friamente no final da temporada e aí vou também perceber junto das pessoas do Oriental o que pretendem. Uma coisa é certa, acredito muito em projetos e dou aqui dois exemplos que, na minha opinião, são bem conseguidos: o Nacional, com o mister Tiago Margarido, e o meu Estoril, com Ian Cathro», elencou, esperando ver algo semelhante no histórico COL.
Técnico mais jovem que o mais jovem da Liga
Numa época de sucesso desportivo, o Oriental conta com um líder muito jovem, a ponto de ser, por exemplo, mais jovem que o treinador mais jovem da primeira Liga: João Pereira, que orienta o Casa Pia, tem 33 anos enquanto Bruno Clara ainda só conta 32. Um exemplo de capacidade, independentemente da tenra idade, que o leva a sonhar com uma carreira de sucesso no futebol português.
«Não quero subir depressa demais, mas não posso fugir do facto de ambicionar chegar à primeira Liga, algo que gostava que acontecesse – se um dia lá chegar, evidentemente, porque é um caminho muito árduo. Mas se chegar lá, será da mesma forma que cheguei aqui, de forma sustentada, respeitando os meus valores enquanto pessoa e não andando a ultrapassar ou a pisar ninguém, e a querer que as coisas aconteçam quando têm de acontecer», aponta, realista.
«Se as coisas só acontecem agora, é porque tinham de acontecer agora e não há dois ou três anos. Se eventualmente chegar à primeira liga com 35, 36 anos, tudo muito bem, se só chegar aos 40 ou aos 45, tudo bem também e se não chegar, tudo bem na mesma, porque o objetivo é trabalhar por gosto e fazer o que eu gosto e me faz sentir bem, onde me sinta bem e me valorizem o que sou enquanto pessoa também. Não é só olhar para o trabalho, sou muito de pessoas», garante.
«O treinador está sempre dependente dos resultados e a pessoa tem que ser sempre a mesma, tem de ser valorizada também enquanto pessoa e é assim que vejo as coisas. Se esse dia chegar, se for depressa melhor, mas que seja de uma forma sustentada», ambicionou o mais recente técnico campeão distrital da AF Lisboa.
Equipa técnica muito nova e adjunto cobiçado pelo… Besiktas
A equipa técnica do Oriental faz-se notar pela juventude: se Bruno Clara tem apenas 32 anos, dois dos seus adjuntos são ainda (bem) menos: Eduardo Pereira contabiliza apenas 23 anos e Gonçalo Café somente 21.
«Cheguei aqui ao clube há dois anos, para fazer o meu estágio da licenciatura e estive com o mister Tiago Aleixo durante esse período, depois entrei para o mestrado para também tirar o nível 2 e queria chegar a um patamar mais acima para continuar a aprender», conta Eduardo, acompanhado por Gonçalo, também campeão distrital da AF Lisboa e mais jovem ainda.
«Esta oportunidade para integrar a equipa técnica do Bruno surgiu mais ou menos na pré-época, porque eu comecei cá no clube, nos juniores, este ano, na pré-época. Até agora tem sido um prazer e este ano foi espetacular este ano. Sou o mais novo da equipa técnica», constata com um sorriso.O caso mais curioso na equipa técnica encontra-se em Bruno Pinheiro, que conta com um homónimo no mais alto patamar e orientou o Gil Vicente na presente época, e com o qual, confessa, já foi confundido a partir da… Turquia.
«Já aconteceu, já aconteceu (sorri). Posso recordar que quando o mister Bruno Pinheiro foi associado ao Besiktas, pelo facto de ele, julgo eu, não ter redes sociais e os adeptos turcos são muito intensos, começaram a seguir-me no Instagram», recorda.«Mandaram-me mensagens, áudios, a dizer come to Besiktas, etc. Foi muito engraçado.(risos) Depois, ainda na semana passada, tive a curiosidade de dizer ao Joãozinho que fiz um trabalho de análise ao Estoril do Bruno Pinheiro quando o Joãozinho lá jogava, noutro contexto da minha vida», conta ainda.