A baliza do Boavista tem sido, ao longo dos anos, um dos sítios mais bem guardados de Portugal e do mundo do futebol. Por lá, passaram recentemente nomes como Mika, Vágner e Hélton Leite, sem esquecer o eterno Rafael Bracalli, um dos grandes catedráticos das balizas portuguesas.

Atualmente, a baliza do “Bessa” estava a cargo de João Gonçalves, um guardião que esteve recentemente em destaque num outro artigo escrito por mim, dada a tamanha qualidade e potencial que lhe reconheço.

No entanto, o futebol não é uma ciência exata, e as coisas acontecem quando menos se espera, claro está. E João Gonçalves, que vivia até então um momento de sonho na sua carreira, deparou-se com um acontecimento que nenhum jogador profissional de futebol quer viver, uma grave lesão que o vai retirar da equipa titular dos “axadrezados” durante largos meses. Mas depois de João Gonçalves, o que vem?

Pois bem, no Bessa acredita-se muito no potencial dos jovens jogadores, e a palavra “medo” não ecoa nos corredores de um dos clubes mais históricos do nosso país. Por isso mesmo, havia um nome que dava cartas nos escalões mais jovens dos axadrezados, e que tinha a confiança da estrutura sobre os seus ombros.

Tomé Sousa é o jovem do momento no Bessa, em quem todos acreditam e preveem um futuro mais que risonho. Com apenas 17 anos, um número atípico para um guarda-redes, Tomé é o novo titular de uma das balizas históricas do nosso país, e substitui então o seu mentor João Gonçalves, pelo menos por enquanto.

O jovem já realizou duas partidas oficiais pelas “panteras” no campeonato, onde sofreu cinco golos, no entanto, tem deixado apontamentos interessantes no capítulo da concentração, capacidade de antecipação e leitura de jogo, mostrando uma certa maturidade que é rara nesta idade ainda por cima pela posição que ocupa em campo. Relembro que esta posição é, habitualmente, uma das posições que mais pressão gera em torno de uma equipa, e que afeta claro o próprio jogador.

É delicioso vermos e lermos a história de Tomé Sousa, que chegou em 2015 ao Boavista, e que por lá continuou, até chegar à baliza de sonho. Internacional pelas “quinas” desde os sub-15, o jovem guardião já chegou inclusive aos sub-20, mostrando mais uma vez que a sua qualidade, em tão tenra idade, é demasiada para passar despercebida.

Por agora, o jovem guardião vai aproveitando para mostrar o seu valor nos grandes palcos, crescendo um bocadinho “à força” por conta das circunstâncias, no entanto, costuma-se dizer que é assim que os grandes homens se fazem.

Tomé Sousa tem o seu futuro, literalmente, nas palmas das mãos. Vai com tudo miúdo, que Portugal bem precisa de jovens diferentes, irreverentes, dotados de capacidades e, sobretudo, sem medos. O futuro está aí, na baliza do Bessa, o franzino Tomé Sousa.