Na estreia de Ruben Amorim no Manchester United, o conjunto não foi além de um empate a uma bola no campo do 18.º classificado da Liga Inglesa, o Ipswich Town que vinha de uma vitória histórica na casa do Tottenham.
Existia a curiosidade sobre qual seria o esquema utilizado pelo treinador português, mas ficou dissipada quando o onze foi divulgado. Foi chegar e mudar tudo. Promoveu o 3x4x3, como no Sporting, alterou o posicionamento de jogadores como Mazraoui, Amad Diallo, Diogo Dalot e Bruno Fernandes, algo que para muitos não faz sentido, mas há que estabelecer padrões desde o início.
E foi preciso apenas dois minutos para ficar patente a sinergia de Ruben Amorim. Diallo na progressão, deixa alguns adversários desamparados – lembrando Geny Catamo ou Quenda – e Rashford finaliza como um autêntico nove, dando a vantagem ao Man United.
Apesar do início prometedor, as lacunas vistas durante os últimos anos com Erik Ten Hag foram visíveis. Pouco intensidade defensiva, principalmente na primeira linha de pressão e rapidez a perder a bola, algo que Amorim já tinha detetado como características a melhorar.
Onana salvou em várias ocasiões até que Hutchinson abriu o livro, aos 43 minutos, e com um remate em arco igualou o resultado. Recebe entrelinhas e vira-se com facilidade. O internacional sub-21 pela seleção inglesa foi quem gerou mais perigo para a baliza dos visitantes. Rápido e forte tecnicamente, ganhou vantagem, por diversos momentos, ao meio-campo e defesa do United.
Na primeira parte as dificuldades de adaptação estiveram à vista. Os extremos não sabiam que zonas ocupar e o meio-campo, por consequência e incapacidade física, sofreu para vascular. A transição defensiva é o ponto mais débil e está longe do que Ruben Amorim deseja. O Ipswich Town entrava como queria e as estatísticas demonstravam isso mesmo. Mais remates, posse de bola e recuperações no último terço.
Sem alterações, o Manchester United voltou do balneário mais imponente, tendo mais bola e com objetividade na procura do golo, com o Ipswich a baixar a guarda dando espaço para que os red devils jogassem.
Contudo, a vontade existia, mas as imprecisões técnicas e táticas foram constantes. A par de Bruno Fernandes, o mais esclarecido da equipa, houve diversas exibições que levantam questões, Matthijs de Ligt à cabeça.
Fica como “imagem de marca” no antigo treinador do Sporting, na chegada a Manchester, a sua ousadia. Sabendo que é um esquema difícil de colocar em prática, o treinador não deixa de acreditar na sua ideia e, com certeza, terá sucesso.
O empate não é um bom resultado, lógico, mas há espaço para melhorias, num plantel com qualidade, porém está sem confiança. Além das questões táticas, Ruben Amorim tem que gerir as pessoas que estão “por trás” dos jogadores.