
«O cemitério do futebol está cheio de favoritos». A frase proferida por Renato Paiva na antevisão ao duelo contra o PSG no Mundial de Clubes descreveu na perfeição o que aconteceu em Genebra na primeira meia-final do Euro 2025.... até aos 90+6'. Perante a Itália, a Inglaterra ainda tremeu, mas voltou a ser salva por prodígio e garantiu um lugar na final da competição.
O 5x4x1 montado pelo técnico transalpino Andrea Soncin condicionou a manobra ofensiva da turma de Sarina Wiegman, que nunca esteve confortável no encontro. Em sentido contrário, a equipa italiana brilhou entre o caos das adversárias e inaugurou o marcador aos 33'.
Sofia Cantore bailou pela direita, descobriu Bonansea ao segundo poste e testemunhou história em movimento. Após um primeiro toque sublime para amortecer o esférico, a extrema da Juventus rematou com raiva para o primeiro golo do encontro.
A loucura partilhada entre jogadoras e adeptos traduziu a importância do golo que colocava a equipa transalpina mais perto da primeira final do Euro desde 1997. Na segunda parte, o guião de cinismo continuou, apenas com uma didascália de emoção: aos 67', a veterana avançada Girelli caiu no relvado e precisou mesmo de ser substituída.
A perda da capitã uniu ainda mais a equipa italiana que secou qualquer oportunidade de golo inglesa até Lucy Bronze cheirar o golo aos 80'. Severini respondeu e só não selou a vitória sensacional transalpina porque Hannah Hampton ganhou metros e fechou a baliza a dois minutos dos 90.
À semelhança do duelo dos quartos de final diante da Suécia, a Inglaterra encarou o abismo da eliminação, mas, uma vez mais, foi salva pelo prodígio. Dias depois de ter marcado o golo do empate diante da Suécia (2-2), Michelle Agyemang, de apenas 19 anos, voltou a ser o joker de Sarina Wiegman.
O remate gelado aos 90+6' enviou o duelo para um prolongamento muito cerebral e pouco bem jogado.... até a prodígio do Arsenal voltar a aparecer. Aos 118', Agyemang quis rubricar o quarto golo no Euro em outras tantas partidas, mas o golaço tinha a morada da trave italiana.
Ainda assim, no lance seguinte, Severini voltou a ficar mal na fotografia e derrubou Beth Mead dentro da grande área italiana. Chamada a converter, Chloe Kelly ainda permitiu a defesa a Giuliano, mas a rapidez de reação deu-lhe uma segunda oportunidade.
A avançada do Arsenal não falhou a recarga e enviou a Inglaterra para a terceira final consecutiva. A turma de Sarina Wiegman pode defrontar a Espanha, com quem perdeu no jogo decisivo do Mundial 2023, ou a Alemanha, que derrotou para conquistar o Campeonato da Europa em 2022.