Luís Fernando Veríssimo morreu na madrugada deste sábado, aos 88 anos, em Porto Alegre. O escritor sofria da doença de Parkinson e de problemas cardíacos. Em 2021 sofreu um AVC, o que lhe causou limitações motoras e de comunicação.

Veríssimo estava internado na unidade de cuidados intensivos do Hospital Moinhos de Vento desde o dia 11 de agosto. A causa da morte foram complicações decorrentes de uma pneumonia, informou a instituição.

A obra do romancista, que se tornou popular nas páginas de jornais e livros, estendeu-se à televisão, ao cinema e ao teatro. Filho do também escritor Erico Veríssimo, foi um dos autores mais lidos do Brasil.

Luís Fernando Veríssimo escreveu mais de 70 obras e vendeu milhões de exemplares. Conhecido pelo seu humor, criou personagens como Ed Mort, o analista de Bagé e a velhinha de Taubaté.

O escritor deixa a mulher, Lúcia Helena Massa, três filhos e dois netos.

Sucesso na televisão

Veríssimo nasceu em Porto Alegre, a 26 de setembro de 1936. Viveu parte da infância nos Estados Unidos, pois o seu pai, o escritor Erico Veríssimo, um dos maiores nomes da literatura brasileira e autor de obras como O Tempo e o Vento, lecionava literatura brasileira nas universidades de Berkeley e de Oakland.

A sua carreira começou no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde começou como revisor em 1966. No Rio de Janeiro, trabalhou como tradutor.

O primeiro livro, O Popular, foi publicado em 1973. Luís Fernando Veríssimo também escrevia colunas para os jornais O Estado de S. Paulo, O Globo e Zero Hora.

Comédias da vida privada, de 1994, deu origem à série da Rede Globo produzida durante os três anos seguintes.

«Um desafio, porque o humor de televisão, ao contrário do que possa parecer, é mais difícil de fazer do que o humor impresso, o humor gráfico, digamos assim. Não tenho uma vocação humorística, mas consigo eventualmente produzir humor. Mas é uma coisa mais deliberada, mais pensada, do que espontânea, no meu caso», disse numa entrevista na época.

Entre os seus sucessos comerciais está também As mentiras que os homens contam, de 2000.

Paixão pelo futebol e pelo Inter

Além do jazz e da literatura, o futebol era outra das paixões de Luís Fernando Veríssimo. Mais especificamente o Inter, clube ao qual declarou fidelidade em diversas oportunidades e que foi tema do livro Internacional, Autobiografia de uma Paixão. Numa entrevista em abril de 2012, recordou o seu jogo inesquecível, um clássico Gre-Nal, que foi também a sua primeira partida num estádio de futebol.

«Lembro-me da emoção de estar no campo. Só ouvia futebol pela rádio. Ali, uma vedação separava-nos dos jogadores. Dava para ver as feições, sentir a respiração deles. Eu estava a ver as cores do jogo, uma sensação completamente diferente. Nunca me vou esquecer também do cheiro da relva», contou, sobre o Estádio dos Eucaliptos, antiga casa do Inter.

Cobriu Campeonatos do Mundo desde 1986, edição em que lamentou a eliminação do Brasil nos penáltis frente à França nos quartos de final – mais uma partida marcante, revela. Pelo Inter, listou muitas outras. Falava com satisfação da final do Brasileirão de 1975 e do tricampeonato invicto em 1979.