A antiga selecionadora nacional feminina de futebol, Montse Tomé, quebrou o silêncio após a sua demissão. Em entrevista ao programa El Larguero, a técnica revelou as promessas feitas pelo presidente da federação (RFEF), Pedro Rocha Junco, sobre a sua continuidade no cargo e descreveu como vivenciou o processo de demissão.

«Ninguém me avisou da demissão. Soube que não ia continuar à frente da Seleção através de uma mensagem do meu agente», afirmou Tomé, que deixa a RFEF após conduzir a equipa à final do Campeonato da Europa, na qual a Espanha perdeu no desempate por penáltis para a Inglaterra.

A asturiana revelou uma conversa com o presidente interino da RFEF, Pedro Rocha Junco, anterior ao torneio, que, segundo ela, lhe garantia a sua permanência. «Transmitiu-me que, se fizéssemos um bom Europeu, ficaria no cargo. Estou desiludida porque creio que faltou à palavra que me tinha dado», desabafou.

Apesar da ausência de despedidas públicas por parte das jogadoras, Tomé garantiu que recebeu inúmeras demonstrações de carinho em privado: «Muitas jogadoras enviaram-me mensagens e telefonaram-me. Sempre me senti muito respeitada e querida. Não dou importância ao facto de não se terem despedido nas redes sociais.»

No que diz respeito à sua relação com o plantel, assegurou que sempre tratou as futebolistas de forma igual: «Todo este tempo com as jogadoras foi profissional. Tratámos de igual forma quem jogava e quem não jogava... Recuperámos a equipa que, nos Jogos Olímpicos do ano passado, não tinha energia, mudámos algumas peças e, quando falei com o presidente, ele transmitiu-me que as jogadoras estavam contentes.»

Questionada sobre a possível influência de Jenni Hermoso na sua saída, Tomé respondeu: «Não quero pensar nisso, porque a minha forma de trabalhar, a minha maneira de ser, não contempla isso. Sinto que isto tem de ser profissional, considero que é, e que a opinião de uma jogadora, seja qual for o seu nome... Além disso, creio que uma das coisas que tentámos fazer desde que entrámos, no meu caso eu, porque sinto assim, é que uma seleção não é de uma, duas ou três jogadoras. Uma seleção é de 23, quando vêm 23, e de outras 23 quando há outra convocatória. Um dia estamos cá e no outro não, dependendo do rendimento e das decisões que tomamos. E tem de haver um respeito absoluto, independentemente do nome de cada uma.»

Tomé negou também ter sofrido pressões para não convocar a atual jogadora do Tigres: «Nunca. Aliás, tive de ir a um julgamento defender a razão pela qual uma jogadora não foi convocada. Pareceu-me estranho, sinceramente. E foi uma aprendizagem, mas quando saí de lá pensei: ‘vim aqui explicar porque não convocámos uma jogadora’. Não entendia, simplesmente não entendia.»