
A velejadora portuguesa Mariana Lobato, integrada no conjunto francês da Paprec Arkéa, chegou na segunda posição à curta paragem da Ocean Race Europe em Matosinhos, apenas atrás da equipa da Biotherm, liderada pelo 'skipper' Paul Meilhat.
A passagem da prova 'offshore' pelo Terminal de Cruzeiros de Leixões serviu para intercalar, através de uma pausa de três horas, a segunda etapa, que liga a cidade britânica de Portsmouth à espanhola Cartagena.
Na competição que é atualmente exclusiva às embarcações da categoria IMOCA, o conjunto vencedor, também gaulês, chegou de Inglaterra com 23 minutos de avanço para o segundo classificado.
O 'fly-by' matosinhense teve a cotação de sete pontos para o vencedor, os mesmos sete que valem a chegada à meta espanhola, com a totalidade da etapa a valer o dobro das restantes.
Nesse sentido, a gaulesa Biotherm alargou a vantagem na liderança da classificação geral, somando agora 18 pontos, ao passo que a Paprec Arkéa, de Mariana Lobato, a única atleta lusa em competição, ocupa a segunda posição, com 13, depois de ter amealhado seis.
"Nesta etapa, tivemos uma parte inicial muito boa, quando saímos de Portsmouth, com um vento que nos afetou a vida, como afeta a todas as equipas, mas que nós não conseguimos gerir tão bem. Nesta última parte final, hoje à noite, conseguimos lidar melhor com a parte mais ventosa. Fizemos o barco andar à séria e conseguimos chegar ao segundo lugar", analisou Mariana Lobato, em declarações à comunicação social.
A velejadora, olímpica em Londres2012, assume que os adversários são de "grande nível", mas assume o objetivo de lutar pelo pódio em todas as etapas, procurando repetir o triunfo conseguido há quatro anos, na edição inaugural europeia, ao serviço dos portugueses da Fundação Mirpuri, em VO65.
"Isto acaba por ser um bocado uma obsessão. Passamos por vários desafios a bordo, com momentos muito bons, mas também outros muito difíceis. Esquecemo-nos da parte má e queremos sempre voltar, mas, às vezes, temos momentos no meio do mar em que nos questionamos", refletiu.
A chegada a território luso representou um momento simbólico para a atleta, que exibiu a bandeira portuguesa perante um público entusiástico.
"Estava com vontade de chegar a Portugal, de ter este apoio, que é essencial, e também comer alguma coisa diferente, um pastel de nata. Ontem [segunda-feira] jantámos bacalhau a bordo em honra à nossa chegada a Portugal", confidenciou.
Por sua vez, o francês Paul Meihat, que está a fazer pela primeira vez a edição europeia da Ocean Race e liderou a Biotherm rumo ao triunfo na chegada a Portugal, mostrou-se muito satisfeito com a prestação da sua equipa.
"Quando ganhamos uma corrida, estamos sempre felizes. Alcançámos todos os pontos que pudemos desde o começo. Estou muito orgulhoso da equipa, pelos resultados mas também pelo espírito dentro do barco. Nesta corrida, tivemos dificuldades porque, ao contrário da primeira, foi uma batalha mais intensa, com quatro ou cinco barcos, sem saber qual deles chegaria primeiro", explicou à Lusa o velejador que já foi colega de Mariana Lobato na prova mundial de 2023.
O percurso iniciou-se em Kiel, na Alemanha, em 10 de agosto, e atravessa o Atlântico e o Mediterrâneo até à região montenegrina da Baía de Kotor, tendo sido a segunda vez que a regata passou por Portugal, após a Marina de Cascais ter recebido uma etapa na primeira edição, em 2021.