
Apesar de ter descolado na subida ao Alto de San Vicenzo, de terceira categoria, a pouco mais de uma dezena de quilómetros da meta, o camisola amarela viu os seus companheiros da Uno-X anularem uma iniciativa de seis homens e colocarem-no imaculadamente para ganhar ao sprint, na chegada a Estrada.
"É fantástico conseguir duas vitórias e ganhar novamente com a amarela vestida, que é algo que não acontece muitas vezes. A equipa fez um excelente trabalho para mim e colocou-me na perfeição. Devo-lhes muito. Os rapazes estiveram muito bem a trazer-me de volta depois daquela subida inclinada", analisou após ter bisado nesta edição e somado o terceiro triunfo em duas participações.
O dinamarquês cumpriu os 133,1 desde Marín em 3:13.05 horas, diante do italiano Martin Marcellusi (VF Group-Bardiani CSF-Faizanè) e do 'local' Carlos Canal (Movistar), respetivamente segundo e terceiro, e protagonizou a nona vitória dinamarquesa em etapas em quatro edições d'O Gran Camiño -- as outras seis pertencem a Jonas Vingegaard.
"Isto quase poderia ser um verão dinamarquês", brincou, debaixo de um céu carregado e uma chuva insistente, mas fraca, para justificar o sucesso do seu país na prova, que agora lidera com 14 segundos de vantagem sobre Marcellusi e 16 em relação ao galego da Movistar.
Com um final idealizado em formato de clássica, a segunda etapa d'O Gran Camiño convidava a uma fuga, inesperadamente integrada pelo então terceiro da geral, Ander Okamika.
Pelo segundo dia consecutivo, o espanhol da Burgos Burpellet BH, que estava a apenas cinco segundos de Magnus Cort, saltou do pelotão, hoje na companhia do compatriota Álvaro Sagrado (Illes Balears Arabay), outro 'repetente', e do francês Rémi Daumas (Groupama-FDJ).
Os três distanciaram-se na subida ao Alto de San Antoniño, de terceira categoria, ainda antes de estarem decorridos 20 quilómetros da etapa, e ganharam mais de três minutos de vantagem ao pelotão, sempre comandado por Uno-X, mas, sobretudo, pela Israel-Premier Tech.
Nos sprints intermédios, Okamika bonificou e empatou, virtualmente, com o dinamarquês da Uno-X. No entanto, o ciclista da Burgos Burpellet BH acabaria o dia bem distante da liderança da geral - perdeu mais de oito minutos -, uma vez que a fuga foi anulada a mais de 18 quilómetros da meta, já depois de Xavier Cañellas (Anicolor-Tien21) atacar desde o grupo principal, sem sucesso.
Anulada a escapada, a Movistar assomou à dianteira do pelotão, com o seu 'capitão' de estrada Nelson Oliveira em destaque no trabalho na subida ao Alto de San Vicenzo, de terceira categoria, cujo alto estava situado a pouco mais de 10 quilómetros da meta.
Grande favorito a ganhar esta edição, Derek Gee (Israel-Premier Tech) acelerou e selecionou o grupo, fazendo descolar Magnus Cort e levando apenas cinco ciclistas na sua roda, nomeadamente Mauri Vansevenant (Soudal Quick-Step) e Jefferson Cepeda (Movistar), o quarto classificado da passada edição.
A Uno-X não desistiu do camisola amarela, puxou pelo dinamarquês e alcançou o sexteto, no qual seguia o 'seu' Andreas Kron, a seis quilómetros da chegada.
Ainda houve tempo para o jovem Maxime Decomble, de apenas 19 anos e em estreia em corridas profissionais, se lançar a aventura, para ser apanhado a meros 1.300 metros da meta.
No centro de A Estrada, localidade natal de Alejandro Marque, o vencedor da Volta a Portugal de 2013, Kron 'guiou' o seu companheiro e compatriota e o camisola amarela só teve de finalizar.
"A etapa foi muito mais dura e senti mais as minhas pernas do que ontem [quarta-feira]. Quando conseguimos ter tudo certo, quando faltavam sete, seis quilómetros, foi perfeito para mim, porque era um final que me assentava muito bem, ligeiramente pronunciado, e com um grupo reduzido", notou o dinamarquês, que nunca deu por perdida a liderança por sentir estar hoje numa boa condição.
Na sexta-feira, e apesar de saber que terá uma tarefa difícil nos 15,6 quilómetros entre Ourense e Pereiro de Aguiar, o ciclista da Uno-X promete dar tudo para defender a amarela no 'crono', para o qual o especialista Nelson Oliveira vai partir como melhor português da geral.
Depois de hoje ter sido 22.º, com o mesmo tempo de Cort, o luso da Movistar é 19.º, a 20 segundos do dinamarquês.