
Depois de ter levado um banho de água que o deixou completamente encharcado antes de começar a falar para a entrevista flash para a televisão logo após a conquista da Taça Hugo dos Santos 2024/25 ao derrotar o FC Porto por 83-78 (22-23, 28-15, 11-21, 22-19), João Figueiredo, treinador da vencedora Oliveirense, estava visivelmente satisfeito com o sucesso da sua equipa e desempenho dos jogadores, mas mesmo antes de na próxima semana começar o play-off da Liga Betclic, foi falando do futuro.
«É um dia especial para mim. Espero que este trabalho de consistência desde que chegámos sirva para o clube perceber como deve estar na competição. Acredito que vai servir. Todos os anos, as condições deterioram-se um pouco na capacidade de recrutamento da equipa e na organização. Cada vez estamos mais longe dos ‘grandes’. Este trabalho dos jogadores foi brutal. Espero que tenha propósito e que esse propósito não caia em vão. Que o clube queira ser um ‘grande’ e se organize», lançou como recado inicial.
«O FC Porto entrou muito forte, mas penso que essa entrada, pela forma tão fácil como marcou os pontos, lhe deu algum relaxamento. Tivemos o mérito e a felicidade de mostrar grande acerto nos três pontos durante a 1.ª parte».
«O FC Porto causa-nos fisicamente muitas dificuldades na defesa e no ataque. Nestes jogos, em que somos underdogs [não favoritos], a maior dificuldade é convencer os jogadores que têm de estar com foco nos 40 minutos. O FC Porto melhorou e lutou, mas não conseguiu [a reviravolta]», foi analisando Figueiredo, de 45 anos, que está à frente da Oliveirense como treinador principal desde 2021/22.
«As taças são uma boa oportunidade para as equipas que tenham um ou outro jogador diferenciado surpreenderem. Ganhámos por 30 ao Sporting [92-64, no play-off de acesso às meias-finais], Vencemos um jogo duríssimo com a Ovarense [77-66, nas meias-finais], com um ou dois jogadores que não temos capacidade para recrutar, e vencemos, na final, um FC Porto, com uma excelente campanha interna e também europeia, excelente treinador e jogadores de elevadíssima qualidade».
«Podemos ter seis estrangeiros [nas competições da FPB] e optámos por ter só quatro. O Benfica tem oito, o FC Porto e o Sporting têm sete. Somos a equipa que mais joga com portugueses. Não são os titulares da seleção portuguesa. São as segundas linhas. Há um grande trabalho e superação dos jogadores, acreditando no trabalho coletivo. É duríssimo para os jogadores portugueses, porque são fisicamente diferentes dos norte-americanos», destacou.
«Como treinador, não quero descer ‘degraus’, quero subir. Quero [treinar um Grande], assim como gostaria de treinar no estrangeiro. A minha mãe morreu há um ano. O ano passado foi complicado. Não teve uma morte fácil. Tive dar treinos todos os dias, viver com esse processo. Este Dia da Mãe é especial para mim», concluiu João Figueiredo.
Fernando Sá: «A responsabilidade é minha»
Quanto a Fernando Sá, pesava um pouco não ter conseguido o terceiro troféu numa temporada em que praticamente tem dominado, mas mais ainda como viu a equipa ter dificuldade para recuperar a liderança desde o início do 2.º quarto.
«O sentimento não é bom. Gostávamos muito de ter ganho, por muitas razões, mas acima de tudo por uma grande vitória que tivemos: o número de adeptos aqui a assistir, as filas que vimos para um jogo de basquetebol do FC Porto no [Multiusos de Gondomar]», fez questão de destacar.
«Não vale muito a pena falar sobre o que foi o jogo. É uma final. Há um vencedor, a Oliveirense. Dou os parabéns aos jogadores, aos treinadores e à direção. São uns justos vencedores. Resta-nos descansar e preparar o melhor possível o que resta da época».
«Houve mérito da Oliveirense. Naquela fase do jogo [2.º período], tiveram eficácia ofensiva tremenda. Em alguns momentos, não correspondemos ao que poderíamos ter feito, mas isso faz parte do jogo».
«Há jogadores em fase de recuperação, que não estão na melhor forma física. Independentemente dos jogadores que tivermos, dos adeptos que tivermos, dos sítios onde formos, temos de estar sempre preparados para ganhar».
«A responsabilidade [pela derrota] é minha. Os jogadores tinham de estar prontos para vencer. Isto não quer dizer nada no play-off, assim como as duas conquistas que tivemos antes [Supertaça e Taça de Portugal]. Espero que estejamos a um nível elevado para irmos à final [da Liga Betclic]», rematou o técnico dos azuis e brancos.