"O meu combustível é a ambição de não estar satisfeito. Claro que fiquei contente com esta medalha de bronze, era algo que já andava à procura e a trabalhar para isso. Conseguir atingir este pódio é um marco importante. Acho que tenho ainda muito para dar ao desporto nacional e sinto-me capaz de continuar, nos próximos anos, a conquistar resultados e medalhas para Portugal", afirmou, no aeroporto de Lisboa.

O limiano, de 31 anos, foi recebido no aeroporto de Lisboa por alguns amigos, antes de efetuar nova viagem rumo ao Porto, onde espera abraçar a sua família e descansar um pouco, após um dia "extremamente cansativo", em que "não deu para rever a regata".

"Só hoje é que me apercebi o quão perto fiquei da prata. Acho que ainda não estou um bocado dentro da realidade, a sentir o peso da medalha. Não estou a tomar muito bem a consciência deste momento, de ter duas medalhas olímpicas. Na história já estava, através do currículo que tenho vindo a apresentar. Em termos de currículo olímpico, acho que ainda posso acrescentar alguma coisa", sublinhou o canoísta luso.

Fernando Pimenta, que se tinha sagrado vice-campeão olímpico em Londres2012, em K2 1.000 metros, ao lado de Emanuel Silva, terminou a prova de K1 1.000 metros de Tóquio2020 em 3.22,478 minutos, atrás dos húngaros Balint Kopasz, novo recordista olímpico, com 3.20,643, e Adam Varga (3.22,431).

"O meu colega russo [Roman Anoshkin], que no Rio2016 ficou em terceiro, ficou fora das semifinais. O Josef Dostal [da República Checa], que tem sido um atleta regular no pódio, ficou em quinto lugar. Acho que trouxe à tona o que tinha dito no início, de que ia ser uma competição de bastantes nervos para muitos atletas. Ia vencer quem fosse mais rápido e conseguisse estar mais focado na competição", disse Fernando Pimenta.

O limiano viajou de Tóquio para Paris, cidade que vai acolher a próxima edição dos Jogos Olímpicos, em 2024, onde fez escala até à capital portuguesa, sendo essa competição o seu plano "a longo prazo", focando-se primeiro no campeonato do Mundo que se vai realizar de 16 a 19 de setembro, em Copenhaga, na Dinamarca.

"Se sou o atleta que sou hoje, é porque tenho objetivos a curto, médio e longo prazo. Com o campeonato do Mundo, tenho de manter o trabalho de forma regrada até lá. Até ao final desta semana, o treinador já me disse que me dava um bocadinho de 'rédea solta', não de descanso completo, pois o corpo tem de continuar em movimento, mas de forma mais tranquila, sem a pressão de bater tempos", revelou.

O atleta, que representa o Benfica, espera que esta medalha seja "um motivo de orgulho" para a sua filha no futuro, procurando "criar nos mais novos o incentivo de procurarem superar-se e terem objetivos de vida", para "encontrarem o seu caminho".

"Temos de afirmar que Portugal pode vir a ser potência no desporto, e não só. Basta haver um pouco mais de incentivos e apoios para que não se percam tantos atletas no início das suas carreiras, terem objetivos e lutarem por eles, de não desistirem, de não ouvirem aquelas pessoas pautadas pelo insucesso e que dizem que não vamos conseguir, que vai ser impossível. O impossível está na nossa cabeça", expressou.

Com três medalhas conquistadas em Tóquio2020, uma vez que o judoca Jorge Fonseca alcançou a de bronze na categoria de -100 kg e Patrícia Mamona arrebatou a de prata no triplo salto, Portugal já igualou o melhor pecúlio em Jogos Olímpicos, reeditando as três subidas ao pódio de Los Angeles1984 e Atenas2004.

Portugal passou a contar 27 medalhas em Jogos Olímpicos (quatro de ouro, nove de prata e 14 de bronze), duas das quais na canoagem, ambas com a participação de Fernando Pimenta, que integra agora o restrito grupo de atletas lusos com dois pódios no maior evento desportivo mundial, juntamente com os atletas Carlos Lopes, Rosa Mota e Fernanda Ribeiro e o cavaleiro Luís Mena e Silva.

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