Dois anos depois de, numa subida ao Col de Loze, onde esta quinta-feira termina a 18.ª etapa da Volta a França, Tadej Pogacar ter fraquejado e deixado fugir Jonas Vingegaard, que viria a confirmar a segunda seguida na prova, o esloveno volta ao local à procura de desfecho diferente. 

Até porque está farto de ver recordado na TV o momento em que diz para a equipa, pelo rádio, «estou arrumado, estou morto». 

Desta vez, a subida será feita pelo lado leste — considerado menos exigente do que o oeste, onde em 2023 o esloveno viveu, segundo as suas próprias palavras, «um dos piores dias de sempre na bicicleta.»

«É a etapa rainha do Tour, estou ansioso. Espero ter boas pernas e conseguir vingar-me das pernas que tive há dois anos. É uma das etapas que mais gosto e que será também decisiva para a classificação geral», disse na quarta-feira. 

O esloveno procura assim exorcizar fantasmas do passado e... ‘calar’ o canal Eurosport.  

Desde 2023, as memórias do Col de la Loze regressam aos ouvidos de Tadej Pogacar por via da tv, uma vez que é reutilizada num vídeo promocional do canal que transmite a prova na Europa. «Nos últimos anos, foi irritante ouvir constantemente o 'já não consigo, estou morto' no Eurosport. Repetiam essa frase em todas as pausas publicitárias. Está na altura de reescrever esta história», declarou o camisola amarela à cadeia belga Sporza, esta quarta-feira. 

Em 2023, Pogacar partia para a 17.ª etapa na segunda posição da geral, com um atraso de 1m48’ face ao líder Jonas Vingegaard, e com a ambição declarada de virar a classificação do avesso. No entanto, nada correu como planeado: uma queda logo nos primeiros quilómetros comprometeu o dia e, já na dura ascensão ao Col de la Loze, a sete quilómetros do topo, sofreu uma quebra. À beira do colapso físico, foi arrastado pelo colega Marc Soler, num momento que marcaria o Tour desse ano. Visivelmente em sofrimento, proferiu as agora célebres palavras. 

Esse dia tornou-se um ponto de viragem na carreira recente do esloveno, que venceu a corrida no ano passado, e hoje parte com uma vantagem de 4m15 sobre o dinamarquês.