A dimensão da frustração é diretamente proporcional à dimensão da expetativa. Se, antes do Estoril Open, alguém dissesse a Gastão Elias, hoje 339.º do ranking, que eliminaria o 69.º, que também é uma grande promessa do ténis, e realizaria uma grande exibição perante o 57.º, que também é um especialista em terra batida, provavelmente o português consideraria essa prestação um êxito.

Mas, no momento da derrota, a primeira e principal sensação é a de oportunidade desperdiçada. Elias criou a chance, construiu-a com brilhantismo, mas não conseguiu dar o remate final.

Na primeira eliminatória do Estoril Open, onde não vencia desde 2017, o português de 34 anos superou Learner Tien, norte-americano a quem todos apontam um grande futuro. Foi uma vitória de raça, de qualidade, uma reviravolta, uma batalha de duas horas e meia de duração.

Na segunda ronda, o jogador da Lourinhã tinha novo adversário de peso pela frente. Era Nicolás Jarry, quase 300 posições acima do ranking de Gastão, chileno que está no 57.º lugar, mas que ainda em 2016 foi 16.º. O sul-americano é um craque da terra batida: lá ganhou os três títulos que tem na carreira, em Bastad 2019, Genebra 2023 e Santiago 2023, e, em 2024, chegou às finais de Roma e Buenos Aires.

Tal como na estreia, Elias começou a perder, cedendo por 6-2 no primeiro set. E, tal como há dois anos, isso não o intimidou, partindo para uma grande exibição.

O português, que já foi 57.º ATP, venceu a segunda partida por 6-4. Na decisão, tudo parecia encaminhar-se para nova vitória épica.

Elias quebrou o serviço do chileno e chegou a estar a vencer por 5-2. O problema é que, uma vez com essa vantagem, não voltou a ganhar nenhum jogo. Chegou a ter um match point no serviço de Jarry, chegou a servir para vencer o encontro, mas o sul-americano foi resistindo.

O entusiasmo que se sentia no court central do Clube de Ténis do Estoril foi-se calando, foi passando a ser o medo de ver um bonito triunfo escapar. E o medo da hipótese tornou-se a tristeza da realidade.

Gastão sai na segunda ronda do Estoril Open, caindo por 6-2, 4-6 e 7-5. Mostrou que ainda tem muito ténis no corpo, mas a expetativa que esse nível proporcionou saiu frustrada.