— Será difícil Portugal ter em breve uma Ticha Penicheiro ou pelo menos uma terceira basquetebolista na WNBA?

— É duro porque a Ticha colocou isso numa fasquia muito alta.

As variáveis são tantas que não torna as coisas fáceis. De qualquer maneira já ficaria satisfeito, a titulo pessoal, que tivéssemos jogadoras em campeonatos como os de Espanha, França, Itália…

— Mas a Mery Andrade também jogou lá.

— Sim, a Mery também. A Ticha acaba por ser mais mediática por tudo, sem desprimor pela Mery. Mas é difícil. Acho que podemos ter um naipe de jogadoras que num futuro próximo possam brilhar, algumas até já estão em Espanha com uma carreira internacional interessante, mas não ao nível da Ticha. Não sei. Temos aí uma miúda talentosa, que já está na NCAA… quem sabe. As variáveis são tantas que não torna as coisas fáceis. De qualquer maneira já ficaria satisfeito, a titulo pessoal, que tivéssemos jogadoras em campeonatos como os de Espanha, França, Itália… Seria interessante. Aliás, já vamos tendo basquetebolistas em campeonatos top 7 da Europa.

Mas a atleta portuguesa tem vindo a vingar pontualmente pela sua capacidade de trabalho, profissionalismo e que acaba por ser uma agradável surpresa para quem as contrata.

— Tem noção que tal como um treinador português de basquetebol na Europa não é logo aceite, um jogador também não? Até em Espanha.

— Pois… mas diria que acaba por ser menos difícil uma jogadora ser aceite num desses campeonato do que um treinador. O funil é muito menor para os técnicos. Por várias razões. Mas a atleta portuguesa tem vindo a vingar pontualmente pela sua capacidade de trabalho, profissionalismo e que acaba por ser uma agradável surpresa para quem as contrata. Depois é uma questão de talento e se se identifica melhor ou não com aquele projeto ou treinador.

Como é o caso da Laura Ferreira, que passou pelo Benfica. Trata-se  de alguém que quando é contratada é pelas melhores razões, não por não haver mais ninguém ou a necessidade de uma europeia.

Mas não existe a imagem que a jogadora portuguesa não é pouco ambiciosa e trabalhadora. Esse passo tem sido dado, em alguns casos mesmo por jogadoras já em final de carreira ou que estão a começar, e outras que já têm um projeto interessante, como é o caso da Laura Ferreira, que passou pelo Benfica. Trata-se  de alguém que quando é contratada é pelas melhores razões, não por não haver mais ninguém ou a necessidade de uma europeia.

Neste momento, sentindo-me bem como me sinto no Benfica e tendo a mesma realidade familiar, acho difícil, mas é uma porta que nenhum profissional fechar. Até porque é também uma questão de desafio e nunca sabemos o dia de amanhã,

— Já ganhou tudo em Portugal, a seguir ao quarto título pelo Benfica estaria disposto a nova aventura europeia?

— É uma grande questão. Quando regressei a Portugal fi-lo porque queria voltar. Tinha convites para continuar no estrangeiro, inclusive no clube onde estava. Depois disso continuei a recebe-los, mas vir para Portugal foi uma opção também familiar, queria estar perto da família. Achei que estava a passar ao lado de anos importantes no plano familiar. Neste momento, sentindo-me bem como me sinto no Benfica e tendo a mesma realidade familiar, acho difícil, mas é uma porta que nenhum profissional fechar. Até porque é também uma questão de desafio e nunca sabemos o dia de amanhã, sobretudo nos grande clubes [risos]. Essa ideia faz parte do nosso dia a dia.