Porque, afinal, o "sonho comanda a vida", como dizia o saudoso poeta António Gedeão, Diogo Veloso (ex-Caldas) e Diogo Fazenda (ex-Torreense) fizeram as malas e atravessaram o Atlântico atrás dum verdadeiro sonho americano.

Veloso, defesa/médio esquerdo, que completa 19 anos no próximo dia 30 - iniciou a sua aventura em terras do Tio Sam, em janeiro último -, partilhou a Record as razões da sua decisão: "As condições que nos propocionam aqui, a qualidade do futebol que tem vindo a aumentar cada vez mais. O profissionalismo que a UNC Charlotte em específico tem, e claro por fim o facto de poder tirar um curso enquanto jogo futebol."

Já, o médio defensivo, Fazenda - chamado o ano passado à seleção nacional de sub-18 -, que completou 19 primaveras a 9 de agosto, recém-chegado aos Estados Unidos da América (EUA), confessou-nos: "Decidi vir jogar futebol universitário porque estava num momento em que sentia que precisava de uma aventura nova na minha vida e em particular no futebol. Falei com o Veloso e ele transmitiu-me as condições e o profissionalismo que o College Soccer já possui neste momento. Após pesquisar mais profundamente, não pensei duas vezes."

Os dois jovens, ligados, respetivamente, a Caldas e Torreense, deixaram para trás a sua zona de conforto no Oeste indo estudar na Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte, e ao mesmo tempo representam a equipa daquele estabelecimento de ensino.

Para o ala, natural de Torres Vedras, a adaptação à aventura americana tem sido "boa, mas exigente". "O futebol aqui é mais físico. Há melhores atletas, e isso fez com que tivesse que trabalhar muitos aspetos físicos. Resistência, velocidade, força. Mas vejo isto apenas como uma grande vantagem para mim", sublinhou.

Por sua vez, o centrocampista natural do Montijo também se está a dar bem com os ares do lado de lá do Atlântico: "A adaptação tem sido muito boa, há um companheirismo entre a equipa que facilita o processo, e os treinadores e staff procuram sempre saber como estão os atletas"

Tratou-se dum reencontro visto que, em 2022/23, já haviam partilhado o mesmo balneário ao serviço dos juvenis do Torreense, onde inscreveram os seus nomes na história do emblema do Oeste ao contribuirem para que os azuis e grenás tivessem uma presença inédita na fase de apuramento de campeão do Nacional da categoria.

Para finalizar, ambos contaram ao nosso jornal os seus principais objetivos. Veloso reforçou a ideia de "assinar um bom contrato profissional", num sítio onde se "sinta bem". Meta idêntica tem Fazenda, que desvendou ainda a vontade de "sair da universidade com um curso académico que também foi um fator importante na minha vinda para Charlotte".

João Delgado abriu as portas dos EUA

A oportunidade surgiu através da conexão entre João Delgado com os jogadores e Rui Veloso (pai de Diogo). O empresário e antigo jogador fez um trajeto similar ao que os dois jovens estão a fazer e viu nesse caminho uma oportunidade para ajudar mais jovens futebolistas a concretizarem os seus objetivos de "jogarem futebol profissional" e "continuarem com a vida académica".

"Fui há nove anos para os EUA, para o mesmo caminho do College e com o objetivo de jogar profissional, algo que consegui. Na altura, não havia tanta oportunidade para jovens portugueses e tanta informação como há hoje em dia e, estando lá, fui criando o meu caminho e conexões com diversos treinadores", partilhou a Record.

João Delgado viu na sua experiência uma oportunidade de negócio, com a finalidade de auxiliar futebolistas que não queiram descurar a vida académica: "Há uns anos criei a minha empresa e decidi ajudar jogadores a seguirem para os EUA para poderem concilicar os estudos com um excelente nível competitivo e ao mesmo tempo com condições que só clubes como Benfica, Sporting, FC Porto, Vitória de Guimarães e Sp. Braga talvez consigam oferecer. Passados uns anos, vários jogadores de calibre de seleções jovens e de academias conceituadas estão nos EUA, a estudar e a jogar."

Quanto ao processo de escolher os jogadores funciona como um "recrutamento normal". "Através do nosso network, treinadores das universidades dos EUA conseguem chegar a jogadores de qualidade como os exemplos dos Diogos e outros, e oferecem bolsas para jogarem e estudarem. Normalmente as bolsas incluem propinas, estadia, alimentação, seguros de saúde e equipamento desportivo. Chegando ao ponto em que, este ano, os próprios jogadores podem receber ajudas de custo (salário) durante os anos em que estudam e jogam", informou.