O Djurgaarden IF, conhecido como o orgulho de Estocolmo, traz à Suécia a primeira meia-final europeia desde o feito alcançado pelo IFK Gotemburgo na Taça UEFA de 1986-1987. Os escandinavos venceram o Rapid de Viena no prolongamento (4-1, após 0-1 na primeira mão) e vão defrontar o Chelsea, grande favorito à conquista da Liga Conferência.

O futebol escandinavo vive nova primavera lendária nesta temporada. Se o Bodo/Glimt conseguiu, pela primeira vez para um clube norueguês, jogar uma meia-final de uma competição continental (aguarda o duplo confronto com o Tottenham na Liga Europa), o vizinho Djurgaarden não lhe fica atrás. A equipa sueca chegou às meias-finais da Liga Conferência, após um confronto dramático na Áustria.

E isto numa altura em que o finalista vencido da Taça, perdida nos penáltis há quase um ano para o campeão Malmo FF, e quarto classificado da última liga sueca, retomou a competição (disputada no sistema primavera-outono) há apenas três semanas e começou mal, com duas derrotas em três jornadas.

Djurgaarden venceu Panathinaikos e Legia

O Djurgaarden terminou o grupo em 5.º lugar, com 13 pontos, tal como a Fiorentina e o Rapid de Viena, precisamente o adversário eliminado na quinta-feira, e acedeu diretamente aos oitavos de final. Entre as vítimas em casa, contam-se o Panathinaikos (2-1) e o Legia Varsóvia (3-1). Os polacos que, na quinta-feira, protagonizaram um resultado chocante, 2-1 em Stamford Bridge, frente ao Chelsea.

A qualificação ao lado de grandes nomes como Chelsea, Fiorentina e Betis, representantes do Top 5 europeu, não é apenas um enorme feito desportivo, mas também um importante sucesso económico. Só a eliminação do Rapid de Viena rendeu um bónus de 2,5 milhões de euros.

Valores que, adicionados às outras somas obtidas ao longo do percurso europeu, resultaram numa receita financeira de 150 milhões de coroas suecas (cerca de 13,5 milhões de euros).

Tal como no caso do Bodo/Glimt, a equipa de Estocolmo era considerada outsider, com poucas hipóteses de chegar ao play-off e ínimas (6%) de aspirar a uma meia-final. Mas contrariou todos os cálculos, entre mais de 10.000 variantes do supercomputador Opta, e eis que está nas meias-finais da UEFA Conference League.

«Experiências únicas oferecidas aos adeptos significam mais do que o dinheiro recebido da Liga Conferência»

«É absolutamente incrível o que conseguimos! O sucesso desportivo faz parte de ganhar dinheiro. Isso e a venda de jogadores, e nós tivemos bastante sucesso em ambos. Mas a força motriz não é o dinheiro, mas sim irmos a Londres e defrontar o Chelsea. Fizemos história e criámos experiências únicas para os nossos adeptos. Penso que isso é o que nos alegra ainda mais do que o dinheiro», afirmou o diretor desportivo Bosse Andersson.

O Djurgaarden também não se poupou a gastos em transferências. Investiu 7 milhões de euros em aquisições para este percurso, mas também vendeu quase o triplo, tendo recebido 10 milhões de euros apenas do Tottenham pelo médio-centro Lucas Bergvall.

O autor do bis decisivo no prolongamento na Áustria, Tobias Gulliksen (21 anos), com quatro golos no atual percurso (o melhor marcador dos suecos), custou 1,8 milhões de euros, tendo sido contratado há 14 meses ao... Bodo/Glimt! É também o jogador mais bem cotado no Transfermarkt.com, 4,5 milhões de euros, do plantel treinado por Jani Honkavaara.

O outro jogador com quatro golos (incluindo as pré-eliminatórias), o avançado norueguês nascido no Quénia, Tokmac Nguen (tem também cinco assistências!), chegou do Ferencváros em março de 2024 por 750.000 euros, prova de que a equipa sueca tem um scouting muito bom. Keita Kosugi, lateral-esquerdo japonês de 19 anos com dois golos (também marcou na quinta-feira), contratado juntamente com Nguen, não custou quase nada.

O jogador com salário mais alto no Djurgaarden recebe 200 mil euros por ano. O jogador mais bem pago da Allsvenskan aufere 270 mil

Os salários são sensivelmente mais baixos na Suécia do que na Noruega. O Djurgaarden tem três jogadores no Top 20 da Allsvenskan, com o jogador mais bem pago a receber 3 milhões de coroas líquidas por ano. Cerca de 270 mil euros.

O salário máximo no Djurgaarden é quase um quarto inferior ao do jogador mais bem pago do campeonato, Ismael Diawara (Sirius). O guarda-redes Malkolm Nilsson Säfqvist recebe 200 mil euros, Besard Sabovic aufere 177 mil, Marcus Danielson, que marcou de penálti o primeiro golo em Viena, recebe 100 mil, Oskar Fallenius ganha 73 mil e Jakob Une Larsson aufere 52 mil euros por ano. Mais uma prova de que o dinheiro não ganha jogos.