“Matos, qual é o teu maior sonho em termos profissionais/futebolísticos?”

Pese embora não saiba responder com exatidão a esta pergunta - aponto, porventura, para assistir a um jogo na Bombonera -, de uma coisa tenho a certeza: dificilmente responderia “ver um jogo no estádio do Estrela Vermelha”.

Ainda assim, depois de três dias em Belgrado, posso dizer com uma elevada dose de certeza que ter tido a oportunidade de cobrir o Estrela Vermelha-Benfica, a contar para a primeira jornada da presente edição da Liga dos Campeões, acabou por ser a concretização de um sonho.

Entrar no Estádio Rajko Mitic é sinónimo de viajar no tempo, de recuar quatro ou cinco décadas a partir do momento em que se ultrapassa os portões do recinto. Para além disso, o pouco que vi da cidade de Belgrado surpreendeu-me pela positiva, sendo este um aspeto que contribuiu para o facto de regressar a Portugal bastante agradado com esta experiência. Caro leitor, venha daí comigo recapitular a viagem do zerozero a território sérvio.

Padel e refeição para recordar

@Diogo Matos/zerozero

Um atraso no segundo voo - no qual conheci um adepto do Benfica radicado em Londres - na viagem de ida comprometeu qualquer tipo de planos que podia ter para o primeiro dia em Belgrado, no caso quarta-feira. Estava previsto chegar à Sérvia às 19h30, mas o facto de ter aterrado pouco depois das 21h fez-me rumar diretamente ao hotel.

Já depois de uma tranquila noite de sono, acordei cedo na quinta-feira, dia do jogo, para realizar uma reportagem que vinha pensada/combinada desde Portugal. Depois de ter entrevistado Lazar Markovic antes de viajar, combinei com o irmão do internacional sérvio, o também ex-jogador do Benfica Filip Markovic, que iria visitar o clube de padel que a dupla abriu em abril do ano transato.

Tiri à espera das duas crianças @Diogo Matos/zerozero

A dinâmica do local onde está instalado o ‘Padel Bros’ foi uma agradável surpresa, isto na medida em que é uma espécie de ‘ilha do desporto’. Localizada no meio do rio Sava, o referido espaço conta com campos de futebol, basquetebol, golf, entre outros, e também com vários modalidades aquáticas.

Entrevista com Filip Markovic feita, escrita e publicada, pelo que segui para almoçar. À entrada da tal ilha há um McDonald’s e acabei por me alimentar aí. Ainda que, à partida, este momento não seja relevante, a verdade é que dei de caras com uma situação que me marcou. No interior do estabelecimento estavam duas crianças, sendo que a mais velha devia ter à volta de oito anos e a mais nova cerca de seis.

Os dois meninos estavam a pedir comida e, já depois do grupo que fez o meu pedido lhes ter oferecido um hambúrguer, o Elmedni e o Raeja acabaram por se sentar numa mesa perto de mim. A barreira linguística não permitiu que a conversa fosse tão fluida com eu gostaria, mas percebi que ambos são adeptos do Estrela Vermelha - “Crvena Zvezda 5 stars, Partizan 0”- e que o cão que estava à porta do restaurante era de Elmedni, o mais velho. Exatamente, os miúdos foram almoçar e o Tiri ficou lá fora à espera deles! Partilhei as minhas batatas fritas com eles e despedi-me ouvindo um “Thank you, bro”.

Um jogo que não irei esquecer

@Getty /

De barriga cheia, segui para o estádio do Partizan para conhecer o recinto e fazer algumas filmagens. 12 minutos depois, já estava no recinto do Estrela Vermelha. Os 770 metros que separam o centro dos relvados dos dois clubes permite que o trajeto seja feito de forma relativamente rápida, sendo que, depois, o objetivo era produzir o máximo de conteúdo possível.

Sentir o ambiente, fazer uma filmagens, conversar com um adepto do Estrela Vermelha que está emigrado na Suíça e depois sim, entrar no estádio e dirigir-me para a zona de imprensa.

Sendo certo que me pagam para fazer o melhor uso possível das palavras, a verdade é que é difícil descrever o que encontrei e o que senti. Em primeiro lugar, um estádio já bastante raro em termos de infraestruturas, com as bancadas abertas e a pista de tartan. De seguida, uns adeptos fervorosos, que não pararam de cantar durante 90 minutos, nem quando a sua equipa sofreu.

O apito final chegou com um 2-1 para o Benfica, sendo que, depois da crónica ser publicada, faltava-me ‘apenas’ apanhar a conferência de Bruno Lage e a flash de Di María . Com isto tratado, regressei ao hotel, não sem antes ter tido a oportunidade de percorrer alguns metros do famoso túnel do Marakana. Senhoras e senhores, que experiência!

No regresso ao hotel, dei de caras com um casal e fui cumprimentado com um “Boa noite”. A Inês e o João ouviram-me a dizer, no processo de despedida com o taxista, que sou de Portugal, e fizeram questão de me receber em bom português. Estivemos uns minutos à conversa e fomos descansar com a promessa que os receberei na redação do zerozero quanto estiverem por Gaia.

Uma cidade com muito para oferecer

A vista a partir da Fortaleza de Belgrado @Diogo Matos/zerozero

Com voo de regresso agendado para as 13h30, acordei cedo nesta sexta-feira e tirei duas horas de manhã para visitar o centro da cidade. Em conversa com o taxista, percebi que este tinha sido colega de equipa do treinador do Estrela Vermelha nos escalões de formação e que torcia pelo Crvena Zvezda. De resto, no capítulo dos taxistas, o Estrela Vermelha goleou: dos seis taxistas com quem andei, quatro eram adeptos do adversário do Benfica, um era adepto do Partizan e um não gostava de futebol- como é lógico, teve uma má avaliação na aplicação.

O tempo era escasso, mas consegui visitar a Fortaleza de Belgrado, local com vista para a junção dos rios Sava e Danubio, o Parque Tasmajdan, a Via Knez Mihailova e o Parque Kalemegdan. Fiquei genuinamente agradado com imagem acolhedora que o centro de Belgrado me transmitiu durante as curtas horas em que lá estive.

Com os postais e os ímans comprados para família e amigos, publico este artigo já com os pés assentes em solo português. Convido-o, no entanto, a continuar a acompanhar o trabalho do zerozero, isto na medida em que teremos várias deslocações ao estrangeiro para acompanhar as equipas portuguesas!