Quase 45 anos separam o último confronto entre Sporting e Amarante e o jogo desta sexta-feira, em Alvalade, para a Taça de Portugal. Na já longínqua temporada 1979/80, os verdes e brancos precisaram de resolver a eliminatória em casa (5-0), depois de um empate (1-1) no Campo da Barroca. Desde então, os dois emblemas não cruzam caminhos, e quis o destino que o reencontro fosse de cariz especial... para o novo treinador dos leões, João Pereira.
Em conversa com A BOLA, Álvaro Madureira, técnico dos amarantinos, destaca a «oportunidade» de poder defrontar «o melhor Sporting dos últimos 30 anos» e lembra que o novo técnico sportinguista vai querer estrear-se com um triunfo para mais tarde recordar aos netos, algo que pode dificultar ainda mais a tarefa ao emblema da Liga 3.
«É uma oportunidade de jogar contra a melhor equipa do Sporting dos últimos 30 anos e para mostrarmos aquilo que temos vindo a fazer ao longo da época. Queremos desfrutar do jogo, em que não somos favoritos, mas temos as nossas legítimas ambições e vamos tentar cumpri-las. O João [Pereira] vai querer começar com o pé direito. A estreia dele será sempre contra o Amarante. Daqui a 40 anos vai dizer aos netos que se estreou com o Amarante. Por isso ele vai querer também recordá-la com uma sensação positiva de vitória. Cabe-nos a nós tentar contrariar isso», sublinhou.
Identidade inalterada e ambição no máximo
Apesar de estar ciente das dificuldades e do desnível entre os plantéis, Álvaro Madureira garante que o Amarante vai tentar ao máximo preservar a identidade que tem mostrado na Liga 3, onde ocupa a 2.ª posição da tabela da Série A, embora admita alguns ajustes fruto das características do jogo dos verdes e brancos: «Podemos não conseguir colocar tudo em prática porque o jogo pode não permitir isso, mas temos as intenções de ser o Amarante que temos vindo a ser, com alguns ajustes, mas com a missão de disputar o jogo.»
Numa «semana atípica», sentimento partilhado pelo clube e pela cidade, que anseia o encontro especial em Alvalade, o departamento médico está «praticamente de férias», brinca o treinador: «Esta é uma semana atípica. Motivação não falta. O departamento médico está de férias praticamente. Não há lesões, não há queixas. Todos querem estar aptos e por isso é uma semana mais fácil de gerir em termos dessas situações. Está tudo a correr dentro da normalidade.»
As valias do Sporting e os objetivos para a época
A equipa do Amarante não vai ter especial atenção a nenhum jogador em específico, nem mesmo ao monstro Gyokeres, até porque a maior virtude do Sporting reside no coletivo, frisa Álvaro Madureira: «Diria que o Sporting tem realmente individualidades acima da média, mas vale pelo todo. Se olharmos para setores como o meio-campo, das três opções mais normais, qualquer um que fique de fora está tudo bem para o Sporting, porque tem variabilidade e qualidade individual. Acredito que o forte deste Sporting é claramente o coletivo e temos de estar muito preparados para ele.»
A temporada está a correr francamente bem aos amarantinos, que subiram do Campeonato de Portugal, como campeões, à Liga 3 este ano. No segundo lugar, apenas a um ponto do líder Fafe, a equipa tem também surpreendido na prova rainha. Até chegar à 4.ª ronda, eliminou precisamente os fafenses (4-1), o Eléctrico (2-0) e o Lajense (6-1).
Ainda assim, o Amarante tem os pés bem assentes na terra, e o objetivo passa por garantir a permanência no terceiro escalão e «fazer um trajeto bonito» na Taça, sabendo que o sorteio dificultou (bastante) essa possibilidade. «O objetivo na Liga 3 é a manutenção e sabemos que os lugares que nos garantem isso numa primeira fase são os quatro primeiros. Estamos dentro desse objetivo e é aí que queremos acabar esta primeira fase. Em relação à Taça, é fazer um trajeto bonito, ir o mais longe possível. Sabendo que agora as probabilidades baixaram drasticamente, vamos fazer tudo para que caia para o nosso lado.»
Álvaro Madureira confessou também que, se pudesse escolher, o jogo seria em casa: «Se pudesse escolher, preferia que o jogo fosse aqui em Amarante, logicamente. Acho que as pessoas da cidade mereciam isso. Teria sido um bom sorteio, mas ir a um palco destes também é bom e tem sempre o seu lado positivo. Será uma experiência diferente daquela que é o nosso dia-a-dia comum na Liga 3.»