Rui Costa, Luís Filipe Vieira, Martim Mayer, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas e Cristóvão Carvalho. Um destes candidatos será eleito, ou reeleito no caso de Rui Costa e Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica no dia 25 de outubro. De forma a dar espaço aos candidatos para apresentarem as suas propostas para o futuro encarnado, a SIC Notícias entrevista, a partir desta quinta-feira, os seis homens que se propõem a liderar o clube da Luz. Cristóvão Carvalho, o advogado que quer “transformar o Benfica”, é o primeiro convidado.

Cristóvão Carvalho começa por explicar que a decisão de se candidatar foi tomada "há cerca de dois anos", altura em que percebeu que "o rumo do Benfica não estava condizente com o que pode potenciar".

"O Benfica entrou num ciclo extremamente difícil. Num ciclo negativo financeiramente e num ciclo difícil desportivamente", critica.

Para o candidato, o "modelo de continuidade" adotado pelo atual líder das 'águias', Rui Costa, está "ultrapassado" e "não respeita", nem consegue "levar a bom porto", o sucesso do clube da Luz.

O advogado garante que, entre todos os projetos apresentados, o seu "é único":

"Estou a trabalhar há dois anos num projeto de um Benfica europeu. Sou o único que criou de raiz um projeto de um Benfica Europeu. Ou seja, aquilo que vou pensar é este tipo de Benfica, não é um Benfica para consumo eterno. É um Benfica para ganhar uma Champions e a equipa que irei constituir, quer de futebol, quer de suporte financeiro, é para ganhar uma Champions em quatro ou cinco anos."

De forma a alcançar este ambicioso objetivo, assume que está a pensar num projeto a 12 anos, ou seja três mandatos, porque "é um projeto que leva tempo", já que acredita que é necessário mudar "todo o sistema" atual.

O projeto do candidato assenta em três pontos: reverter a "muito complicada" situação financeira do clube, assegurar que o Benfica continua a "ser dos sócios" e "cortar com o passado" e garantir que o emblema tem uma estrutura "totalmente profissional".

Novamente sobre o objetivo Champions, Cristóvão Carvalho assume:

"É perfeitamente possível o Benfica ser campeão europeu. O Benfica é o mair clube do mundo. Não podemos dizer que o Benfica é o maior clube do mundo e depois limitarmo-nos a ter um Benfica pequenino, a ter um Benfica pensado para o campeonato. Temos de pensar numa estrutura de futebol que seja pensada de raiz, com um treinador de referência, que tenha jogado a Champions, que tenha vencido a Champions, e criar uma equipa, em quatro cinco anos, para chegar aos quartos de final e às meias-finais."

Insiste nas críticas ao atual modelo financeiro, que, nota, consiste na venda de jogadores, o que, no seu ponto de vista, faz com que a equipa fique enfraquecida com a constante rotatividade de jogadores.

O próximo treinador e os 400 milhões de euros em investimento

Se for eleito presidente em outubro, não irá despedir de imediato Bruno Lage, mas assegura que a permanência do técnico dependerá inteiramente dos resultados a curto prazo, já que o homem do leme, com quem não renovaria contrato, não encaixa no seu perfil de treinador:

"Se Bruno Lage nos próximos meses mantiver os seus resultados e ganhar, e estivermos bem posicionados para ganhar o campeonato, isso é absolutamente fundamental."

O candidato declara ainda que tem uma solução "trabalhada, protocolada e assinada com um parceiro que trabalha na área do futebol" e que prestará funções de assessoria e aconselhamento financeiro, recusando revelar o nome do parceiro. Revela, por outro lado, que fará chegar à Luz muitos milhões de euros:

"O compromisso que eu tenho é, nos próximos primeiros quatro anos de mandato, um investimento de 400 milhões de euros no Benfica, numa dilação de 100 milhões de euros por ano, exatamente para poder reforçar a equipa de futebol e poder acautelar a segurança financeira necessária para poder equilibrar o clube e fazer uma equipa campeã [...] Este financiamento de que eu estou a falar nada tem a ver com a SAD, é um financiamento que terá uma taxa de juros de cerca de 50% da taxa de juros paga hoje pelo Benfica, e o Benfica não prestará qualquer garantia real associada à operação."

Cristóvão Carvalho vira agulhas para Luís Filipe Vieira e para Rui Costa, duas candidaturas que considera serem "de continuidade" e que "não funcionarão", dizendo mesmo que a candidatura do ex-líder "está ultrapassada no tempo".

"O Benfica alicerça-se numa SAD. Uma SAD é credibilidade para os mercados. Ora, se tivermos alguém presidente do clube, será por inerência presidente da SAD, que não tem a sua situação perfeitamente clara e limpa, é óbvio que não beneficia o Benfica, só prejudica o Benfica", atira

Sobre o atual presidente diz que o projeto apresentado recentemente, que dá pelo nome de 'Benfica District', não passa de uma manobra "absolutamente eleitoralista" que não está "sustentada". Considera mesmo que o projeto foi um "erro tático e estratégico de Rui Costa".

Quanto à centralização dos direitos televisivos, explica que a posição que defende passa por "ter a Benfica TV aberta a todas as pessoas". "Os sócios do Benfica terão direito a ver os jogos em casa gratuitamente", acrescenta.

"Pelo Benfica"

"Pelo Benfica" é 'slogan' de campanha de Cristóvão Carvalho, o candidato nascido na Beira Alta que tem o apoio de dois nomes fortes da história do clube que defende: Isaías e João Alves.

Para o futebol profissional masculino, o advogado pretende, nos próximos 12 anos, ganhar três em cada quatro campeonatos nacionais e três títulos europeus, dos quais pelo menos uma Liga dos Campeões.

Ter quatro titulares da formação, ter 25% do plantel "made in Seixal" e assegurar a permanência "dos jogadores de topo da formação por quatro anos" na equipa A do Benfica são outros dos objetivos do candidato.

Cristóvão Carvalho entende que Rui Costa "falhou em tudo" nos últimos quatro anos e, por isso, pretende implementar "uma gestão profissional e competente", acabando com a "contaminação pela bolha do Benfica".