Um grupo de 14 claques afetas a sete clubes da 1ª Liga anunciou que irá boicotar esta edição da Taça da Liga, que contará com um novo formato, baseado na classificação dos campeonatos da temporada anterior e incluindo oito clubes, os seis primeiros da Liga Portugal Betclic e os dois primeiros da Liga Portugal Meu Super. 

Trata-se de grupos de adeptos afetos ao Santa Clara, Nacional, Sporting, FC Porto, Sp. Braga, Moreirense e V. Guimarães, ou seja, todos os emblemas que irão participar na seguinte edição da Taça da Liga em 2024/25, com exceção do Benfica.

Em comunicado emitido à comunicação social, também assinado pela  Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, os "grupos Ultras", como assim se denominaram, realçaram que colocaram de parte "divergências e rivalidades para lutar por uma causa comum", tecendo fortes críticas à Liga Portugal, nomeadamente ao presidente da mesma, Pedro Proença. No mesmo documento, os assinantes afirmam que as decisões de alterar o formato da Taça da Liga e a venda do direitos do seu jogo Final não passam de "retórica e marketing bacoco com a finalidade de ludibriar os mais desatentos."

Leia o comunicado na íntegra: 

No dia 5 de Maio do ano transato, foi aprovado pela Direção da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o novo formato para a Taça da Liga, que prevê que a competição seja apenas disputada por 8 clubes, os 6 primeiros da 1ª liga e os 2 primeiros da 2ª liga, conforme classificação da época anterior. Paralelamente, os responsáveis deste organismo, anunciaram publicamente a intenção de "exportar" a Final Four da compeBção para solo estrangeiro, como se de um vulgar produto se tratasse. É inequívoco assumir que isso só não acontecerá já esta temporada porque ninguém mostrou interesse, ou acenou com o dinheiro suficiente para receber estes jogos no seu território.

A direção da liga, e em particular o seu Presidente, demonstram assim que toda a retórica em torno da relevância do papel do adepto no futebol não passa disso mesmo - retórica e marketing bacoco com a finalidade de ludibriar os mais desatentos. Realizar jogos de uma competição nacional em solo estrangeiro, com a única intenção de encaixar mais uns milhões é um flagrante desrespeito por todos aqueles que vivem o futebol e os seus clubes de forma leal e apaixonada.

A competição é criada e suportada a esforço de milhares de adeptos, com jogos disputados a dias de semana, a horas vergonhosas, criando mais encargos para este fiel público. Para? Para que no fim, a cereja do topo do bolo e a ideia de acompanharmos as nossas equipas numa final ou meia-final, nos seja tirada – o melhor da festa a Liga oferece à mais gorda oferta.

Foi perante este cenário dantesco e revelador de uma profunda falta de respeito para com aqueles que alimentam esta competição, que um conjunto de grupos Ultras afectos a equipas que vão disputar a competição se uniu. Colocámos divergências e rivalidades de parte, para lutar por uma causa comum - um futebol que respeite aqueles que fazem dele o desporto mais popular e vibrante do mundo, os adeptos!

Esta nossa decisão é demonstrativa que germina entre os Ultras portugueses e demais adeptos, a consciência de que é hora de unir esforços e cerrar fileiras, para que juntos façamos ouvir a nossa voz - não só contra o novo modelo desta Taça da Liga, mas contra todos os ataques à liberdade e à dignidade de que os integrantes deste movimento e dos grupos organizados e os adeptos em geral têm sido alvo. 

O FUTEBOL QUE NOS UNE, A LIGA QUE NOS AFASTA!

Os signatários, Armada Alvinegra (CD Nacional), Juventude Leonina, Ultras DUXXI, Torcida Verde e Brigada Ultras Sporting (SporBng CP), Green Devils (Moreirense FC), ColecBvo 95 e Super Dragões (FC Porto), Armada Vermelha (CD Santa Clara), White Angels, Insane Guys, Gruppo 1922 (Vitoria SC), Red Boys e Bracara Legion (SC Braga) e Associação Portuguesa de Defesa do Adepto.