O pensamento de que aquilo que outrora se foi embora pode eventualmente um dia voltar é muitas vezes algo irrealista. Não é nada mais nada menos que um pensamento ilusório que tenta aliviar a perda de algo que um dia era um dado garantido. No futebol acontece muito isto.

São inúmeros os casos de jogadores que deixaram saudades em diversos clubes depois de um determinado período de sucesso, ou até mesmo quando esse rendimento não se sucedeu na casa mãe, mas sim noutro clube alheio. Há mesmo muitos exemplos que refletem isso.

O Benfica não foge à regra e a verdade é que todos os anos são especulados possíveis regressos de ex-jogadores encarnados à Luz. Para a história estão os nomes de Rui Costa, Di María, Gonçalo Guedes e Renato Sanches, que acabaram mesmo por regressar a Lisboa depois de vários anos fora de portas. Esses casos acabam depois por alimentar a esperança de muitos outros, e que acabam por ser equacionados época atrás de época.

Para este verão, fala-se do possível regresso ao Benfica de Bernardo Silva e João Félix, mas também já correram suspiros de negócios com Nélson Semedo, Lindelof ou até mesmo Ederson e João Cancelo. Como é óbvio, é impossível todos estes jogadores estarem a ser equacionados numa única janela de transferências.

Mesmo que exista essa possibilidade no futuro, é irrealista pensar que podem voltar ao Benfica estes jogadores na próxima época, ou na outra adiante até. Acaba por nem fazer sentido.

Ainda assim, os casos que têm feito movimentar mais ruído são os de João Félix e Bernardo Silva. Nesse sentido, quão possível são esses regressos? Analisemos.

Aos 25 anos, João Félix vai tendo cada vez menos hipóteses na elite do futebol europeu. Depois de Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona e agora, AC Milan, as oportunidades acabam por começar a acabar dada a falta de rendimento que apresenta, e face à qualidade que acaba por não se justificar dentro das quatro linhas. Isto porque a qualidade existe efetivamente, e está ao nível dos melhores jogadores da Europa, mas não é extraída da melhor forma e aproveitada como se previa há uns anos.

Este empréstimo ao Milan de Sérgio Conceição mostrava ser mais uma oportunidade de reavivar a carreira, mas a verdade é que o fim parece vir a ser o mesmo. A falta de sucesso e a constante inconsistência podem afastar os italianos de uma possível compra com o sucessivo regresso a Londres.

Nesse sentido, e caso o Milan não queira ficar com o português, o regresso ao Benfica acaba por ser cada vez mais real. Já tendo tido hipóteses em Espanha, Inglaterra e Itália, o bingo das principais ligas europeias está quase a ser completo. No entanto, entre possíveis mudanças para clubes de segunda linha nesses países, ou na Alemanha, França ou Turquia, acredita-se que o retorno à Luz seja mais viável para o atleta.

Sendo que o Mundial de Clubes está já aí à porta, essa equação começa a ser feita e com certeza que, caso seja possível, o Benfica iria beneficiar muito disso. O jogador, pois bem, iria ter de provar novamente o seu valor.

No que diz respeito a Bernardo Silva, a equação mostra-se ligeiramente mais complicada. Se no caso de João Félix um empréstimo é um cenário credível, com Bernardo Silva essa hipótese é reduzida.

Note-se que o jogador já expressou muitas vezes o desejo de voltar a jogar pelas águias, numa altura em que ainda se sentisse bem para ajudar o Benfica. Não numa perspetiva de vir para Lisboa apenas para acabar a carreira, mas sim para ser importante durante um período de tempo e depois, sim, por um fim ao seu percurso na casa que o lançou para o futebol profissional.

Nesse sentido, o desejo de Bernardo pode ter muito valor no meio de tudo isto. Olhando para o contrato que o liga ao Manchester City, percebemos que o mesmo só termina em 2026, o que indica que uma transferência a custo zero não é ainda uma hipótese. No entanto, se o City quer tirar proveito financeiramente do médio português, vai ter de o vender esta época. Caso contrário, irá perdê-lo na mesma na próxima temporada e sem qualquer montante em compensação. Isso faz com que os 62 milhões em que está avaliado neste momento sejam uma mera formalidade, porque uma transferência seria consideravelmente abaixo desse valor dadas as circunstâncias atuais.

Ainda assim, nem tudo é um mar de rosas para o Benfica, porque, tal como os encarnados, também muitos outros clubes deverão estar atentos à situação do número 10 da seleção nacional. Um médio que se encontra no melhor lote do futebol mundial, e que acaba contrato no próximo ano, é um alvo apetecível para muita gente. É uma luta difícil quando começam a falar os milhões estrangeiros.

Contudo, em ano de eleições no Benfica nada é impossível. O jogador já demonstrou essa vontade e, como referi, isso pode ter muito peso. Mesmo que existam oportunidades mais avultadas financeiramente lá fora, se o jogador quiser voltar e for possível chegar a um acordo com o clube, torna-se algo real. Aconteceu o mesmo com Di María, por exemplo. Seria um regresso extremamente esperado e algo que colocaria o Benfica numa dimensão acima em vários aspetos.

O verão aproxima-se e, este ano, tudo indica que seja muito quente para os lados do Estádio da Luz.