
O SC Braga deu um passo decisivo rumo à fase de liga da Liga Europa, ao vencer de forma tranquila o Lincoln Red Imps na 1.ª mão do play-off, que se realizou no Estádio Algarve, a casa da equipa de Gibraltar nesta fase da competição. Face à diferença de valores entre as duas equipas e ao avanço que os minhotos levam para o segundo jogo, só uma noite muitíssimo desinspirada poderá afastar os bracarenses da competição.
Na gestão do plantel, Carlos Vicens revolucionou o onze, tendo como comparação o que iniciou o encontro com o Alverca para a Liga. O técnico espanhol efetuou sete mudanças: Paulo Oliveira, Diego Rodrigues, Arrey-Mbi, Vítor Carvalho, Pau Victor, Roger Fernandes, El Ouazzani deram os lugares a Victor Gómez, Lagerbielke, Niakaté, João Moutinho, Dorgeles, Zalazar e Fran Navarro
No lançamento do jogo, o treinador dos bracarenses disse que não queria «relaxamentos». Ficou a sensação de que a mensagem tardou a ser interiorizada pelos seus jogadores, que com um início apático permitiram ao Lincoln Red Imps construir boas situações para se adiantar no marcador
Quiçá deslumbrados por espaços que, certamente, nunca iriam pensar que teriam, os jogadores do Lincoln pecaram na finalização quando Tjay De Barr (8’) aproveitou um mau passe de Niakaté e isolou-se, valendo Hornicek aos minhotos, que com os pés impediu o golo, ou ainda quando Villacañas apareceu na esquerda (28’) para atirar forte, com a bola a não passar longe da barra.
Os bracarenses também sabiam que, mais cedo ou mais tarde, a sua mais-valia individual e coletiva iria fazer a diferença e tal veio a suceder. Dorgeles (22’) na direita combinou com Fran Navarro e atirou com perigo. Foi a primeira aproximação perigosa do SC Braga.
Com os gibraltinos cada vez mais recuados, num espaço de cinco minutos os Gverreiros do Minho avançaram duas vezes no marcador. Zalazar cruzou longo na esquerda, com Victor Gómez (34’) a surgir no segundo poste para desviar de cabeça e apontar o primeiro dos bracarenses e a estrear-se também a marcar pelos minhotos.
Depois de assistir, Zalazar (39’) também fez o gosto ao pé: o uruguaio combinou com João Moutinho na esquerda e colocou a bola em jeito no fundo da baliza.
A etapa complementar começou com uma contrariedade para o SC Braga. Ricardo Horta aleijou-se sozinho quando tentou efetuar um corte e teve de ser substituído por precaução.
Se até ao intervalo bastaram acelerações pontuais para o SC Braga fazer a diferença, depois o ritmo ainda foi mais tranquilo e só aos 69' surgiu o primeiro lance de perigo, numa iniciativa de Victor Gómez na direita, com Fran Navarro a não ter centímetros suficientes para o desvio fatal na pequena área.
Esse lance deu início a mais um período de aceleração minhota. Victor Gómez (78’) esteve perto de bisar num tiro forte que passou perto do alvo e dois minutos depois bisou Zalazar, lançado por Lelo – quarta assistência da época para o lateral – e aos 90’ Pau Victor também se estreou a marcar e fechou a goleada (e também o play-off…)
As notas dos jogadores do SC Braga (4x2x3x1): Hornicek (6), Victor Gómez (7), Lagerbielke (6), Niakaté (5), Leonardo Lelo (7), Gorby (6), João Moutinho (6), Dorgeles (6), Ricardo Horta (6), Zalazar (8), Fran Navarro (5); Gabri Martínez (6), Pau Victor (6), Moscardo (5), Ouazzani (-) e Sandro Vidigal (-)
As notas dos jogadores do Lincoln Red Imps: Santana (5), Ayew (5), Bernardo Lopes (6), Rutjens (5), Nano (5), Toni (5), Torrilla (5), Mandi (5), Villacañas (5), Tjay De Barr (5), Kike Gómez (5), Pozo (5), Rafa Muñoz (5), Dabo (5), Arguez (-) e Peacock (-)
O que disse Carlos Vicens, treinador do Sporting de Braga
«Estou contente com o resultado. Tivemos ocasiões para construir um resultado maior. Mas, estamos conscientes de que no início, podíamos ter sofrido em situações para as quais já tínhamos advertido os jogadores, que era preciso ter cuidado. Em geral estou contente com a nossa prestação, mas podemos fazer mais. A segunda parte é melhor do que a primeira. Agora foco total no jogo de domingo para o campeonato. Cada rival proporciona diferentes obstáculos. Preparámo-nos da melhor forma para as eventualidades que o jogo nos podia apresentar, ajudando os jogadores a encontrar as melhores soluções. Hoje, sabíamos que era um jogo de eliminatória, com uma segunda mão e havia essas particularidades. Lesão de Ricardo Horta? Sei pouco. Ele notou algo e por precaução decidimos pela saída, para que não piorasse. Vamos ver qual será o diagnóstico dos médicos.»
O que disse Juan Bezares, treinador do Lincoln Red Imps
«Saímos com a sensação de que pelo menos dois golos podiam ser evitados. É verdade que o SC Braga é muito boa equipa, a cada semana vai melhorando com a ideia de jogo posicional e combinativo. Na primeira meia hora sabíamos onde podíamos provocar danos e tivemos duas ocasiões claras. Depois, quando o SC Braga se colocou na frente do marcador, o jogo tornou-se muito complicado. Há que ser realistas, a qualificação fica bastante difícil. Vamos focar-nos no trabalho com muita ilusão. Estarmos aqui é um prémio muito grande e vamos a Braga com um sorriso no rosto. Isto é como um prémio, jogar com um histórico, mas temos ADN competitivo e vamos dar tudo em Braga. Estamos habituados a ganhar, e tudo o que não seja ganhar incomoda-nos.»