Voltou a estalar o verniz entre Augusto Inácio e Frederico Varandas. Depois da SAD leonina e o presidente do clube terem apresentado queixas-crime contra o antigo treinador e dirigente dos leões, defendendo-se com ofensa à pessoa coletiva, no caso do clube e da SAD, e difamação, no caso do presidente Frederico Varandas - na sequência das afirmações de Inácio de que a assistência médica dos jogadores do clube é prestada por uma empresa pertencente a Varandas -, o agora comentador televisivo reagiu através de um comunicado.

Numa entrevista recente, questionado sobre as acusações de Augusto Inácio, Frederico Varandas recordou um caso antigo da rescisão de contrato de Sinisa Mihajlovic com o emblema de Alvalade, criticando o antigo diretor geral do futebol, abordando um "contrato considerável" e referindo que Inácio acabou por ser "uma testemunha decisiva para o Sporting pagar três milhões de euros ao treinador Mihajlovic" no processo. Desta feita, tal declaração mereceu uma reação do antigo treinador e dirigente.

No comunicado divulgado esta terça-feira, Augusto Inácio refuta as acusações, defendendo que, ainda em julho de 2018, à margem do processo, concedeu um depoimento por via de um documento da SAD do Sporting, o qual, de acordo com o próprio ex-treinador, acabou por assinar após "ter recusado assinar uma primeira versão do mesmo dado que o respetivo conteúdo não correspondia à verdade dos factos".

"Em agosto de 2018 respondi a um conjunto de perguntas enviadas por e-mail pelo advogado do Mihajlovic, sendo que não corresponde à verdade que tenha prestado depoimento em dezembro de 2018", começou por referir Augusto Inácio, garantindo que não entende porque motivo Frederico Varandas lhe imputa as responsabilidades no processo da rescisão de contrato do antigo treinador sérvio.

"Gostaria de lançar um desafio ao Dr. Frederico Varandas: torne público o meu contrato de trabalho e o meu acordo de rescisão, no qual, por amor ao clube e à causa sportinguista, abdiquei dos três anos de contrato que ainda tinha, tendo apenas recebido até ao último dia que trabalhei", reitera.

Leia o comunicado na íntegra:

"Ora em entrevista concedida à Sporting TV na passada sexta-feira (21 de Fevereiro), o Dr. Frederico Varandas, presidente do Sporting Clube de Portugal deu-me a importância de se referir à minha pessoa durante mais de 5 minutos, referindo matérias que se enquadram no acima referido.

Assim, em função do que foi dito durante a referida entrevista gostaria de esclarecer, em primeiro lugar, o seguinte relativamente ao tema do malogrado treinador Sinisa Mihajlovic:

1- Ao invés do referido, nunca fiz dois depoimentos, mas apenas e tão somente um, em Julho de 2018, através de um documento elaborado pela Sporting SAD, o qual assinei depois de ter recusado assinar uma primeira versão do mesmo dado que o respectivo conteúdo não correspondia à verdade dos factos.

2-  Em Agosto de 2018 respondi a um conjunto de perguntas enviadas por e-mail pelo advogado do Mihajlovic, sendo que não corresponde à verdade que tenha prestado depoimento em Dezembro de 2018.

3- Na verdade, nunca fui convocado para ser ouvido como testemunha presencial na Suíça, do mesmo modo que nunca o fui por vídeoconferência no âmbito deste processo pelo que se estranha tais referencias.

4- O Dr. Frederico Varandas afirmou nesta entrevista, traduzindo uma versão em Inglês, conforme alegou, que o juiz do processo considerou o meu "testemunho" como "não credível" por, alegadamente, o meu "testemunho" não haver merecido credibilidade e, por consequentemente, haver sido considerado como nulo, pelo que, nestas circunstâncias, não se compreende como poderá, o mesmo, haver sido, assim, pesado na decisão tomada pelo juiz do processo.

5- Conforme informação transmitida pela Sporting Futebol SAD à CMVM, o treinador Sinisa Mihajlovic foi despedido no dia 28 de Junho de 2018, por decisão da Administração em funções à data e presidida pelo Sr. Sousa Cintra. Nesta conformidade, como é evidente, é aos elementos da então Administração que o Dr. Frederico Varandas deveria pedir responsabilidades pela condenação da indemnização a pagar, ao invés de atribuir tal responsabilidade à minha pessoa.

Por outro lado,

6 - Referiu o Dr. Frederico Varandas que eu tinha no clube um, como denominou, "contrato considerável". Relativamente a este tema, gostaria de esclarecer que nunca fui diretor desportivo, mas sim diretor geral do futebol, sendo que estive em funções em 2013/2014 e 2014/2015. Como todos os adeptos sportinguistas se recordarão, chego ao clube num contexto competitivo muito difícil para o Sporting mas onde, com todas as adversidades e, essencialmente, com um investimento bastante reduzido, o Sporting conseguiu nessa época qualificar-se para a Champions League e na época seguinte ganhar uma Taça de Portugal.

7- Após a minha saída, regresso ao clube em 2018, novamente num contexto muito adverso, com a missão de ajudar o Sporting após a invasão à Academia em Alcochete

8- O Dr. Frederico Varandas disse que eu tinha um "contrato considerável" e, também, que já se sabia que provavelmente o anterior Presidente, Bruno de Carvalho, iria sair e que estaria nos seus últimos dias de mandato. Eu não fazia a mínima ideia do que se iria passar, mas, pelos vistos, o Dr. Frederico Varandas, tendo por base as suas afirmações, presume-se eventualmente deter algum conhecimento ou previsão do que iria acontecer no seio do clube.

9- Gostaria de lançar um desafio ao Dr. Frederico Varandas: torne público o meu contrato de trabalho e o meu acordo de rescisão, no qual, por amor ao clube e à causa sportinguista, abdiquei dos três anos de contrato que ainda tinha, tendo apenas recebido até ao último dia que trabalhei.

10- Relativamente ao assunto "Departamento Médico", já disse o que tinha a dizer.

Por último, em função da gravidade do que foi dito pelo Presidente do SCP na entrevista, e para defesa da minha honra e consideração, reservo-me o direito de actuar juridicamente pelas vias que entender por pertinentes, aqui se incluindo a dedução de queixa por denúncia caluniosa contra o cidadão Frederico Varandas.

Lisboa, 25 de Fevereiro de 2025

Augusto Inácio"