Todos os quarentões se recordam das aventuras dos "Os Cinco" de Enid Blyton mas já poucos terão memória de outra série de aventuras da mesma autora britânica chamada "Os Sete".  Agora a Citroen acaba de lançar aquele que é provavelmente o melhor e mais acessível carro para uma aventura dos "Sete".

O novo herói da marca francesa chama-se Citroen C3 Aircross, é baseado no novo Citroen C3 e oferece uma opção de sete lugares, graças a uma engenharia notável.

Em apenas 4,39 metros de comprimento, a Citroen foi capaz de acomodar uma terceira fila de bancos capazes de transportar mais dois passageiros - idealmente crianças pequenas. O novo autocarro da equipa lá de casa vem roubar um pouco de espaço à bagageira, apresentando uma volumetria de 330 litros.

Quem preferir uma aventura dos "Cinco" tem a versão convencional de 5 lugares, que beneficia de mais espaço para as pernas dos passageiros da segunda fila e uma maior capacidade da bagageira - 460 litros. A diferença entre as duas versões é de apenas 700 euros, sendo obviamente a mais cara a de 7 lugares.

Ter uma versão de 7 lugares - o que em veículos desta classe só acontece no Opel Fronteira - é o primeiro trunfo do C3 Aircross, mas não é o único.

O novo SUV compacto da marca repete algumas das fórmulas do recém lançado Citroen C3, o que o torna das propostas mais competitivas na classe dos SUV compactos, posicionando-se como uma verdadeiro anti-Duster, o campeão de vendas neste campeonato.

O novo design da marca já inaugurado no C3, confere-lhe forte personalidade, sobretudo na secção frontal onde pontifica o novo logótipo do Double Chevron.

Trunfos na manga

Vamos então aos trunfos: Simplicidade, gama, preço, conforto. Tal como no C3, o Aircross é um pequeno tratado de boas ideias transformadas em soluções simples, eliminando elementos superficiais sem sacrificar a qualidade geral e mantendo um peso contido, que se vai traduzir em maior eficiência energética e autonomia.

A gama é bastante completa e beneficia da versatilidade da plataforma multienergia, uma filosofia defendida pelo anterior patrão do Grupo Stellantis, o português Carlos Tavares.

No lançamento o C3 Aircross está disponível com um motor a gasolina PureTech 100 associado a uma caixa manual de 6 velocidades, o mesmo motor usado na nova motorização híbrida de 136 cavalos, que incorpora um motor elétrico de 15,6 kW/21 CV e uma caixa e-DCT. A grande novidade são as versões elétricas  - a primeira já disponível com uma bateria de 44 kWh e uma autonomia anunciada de 300 quilómetros. Mais lá para o final do ano estará disponível uma versão com autonomia alargada aos 400 quilómetros com uma bateria de 54 kWh.

A opção pela filosofia de uma plataforma multienergia  - chamada Smart Car pela Stellantis - significa que a Citroen opta por não ter uma plataforma exclusivamente dedicada a carros elétricos e prefere uma mais versátil capaz de acomodar diferentes motorizações, o que dada a presente conjuntura, parece ser a opção mais sensata, mesmo sacrificando algumas vantagens que uma plataforma exclusivamente para elétricos oferece.

Para os potenciais clientes esta estratégia de produto pouco importa, porque o trunfo mais importante da proposta do novo Aircross são os preços muito competitivos das diversas versões. Preços que se iniciam nos 19 290 euros na versão Puretech a gasolina e a partir dos 26.490 euros no caso da versão elétrica, enquanto o híbrido começa nos 24 890 euros.

Em qualquer dos casos estamos a falar de preços muito combativos no que respeita á relação preço/qualidade e que colocarão o C3 Aircross no "top of mind" para quem quer um SUV compacto acessível, versátil e confortável. Sim porque conforto continua a ser uma assinatura da marca francesa e um capítulo onde a Citroen dificilmente pode fazer concessões.

É por isso que o C3 Aircross tem em todas as versões as suspensões Advanced Confort que produzem o efeito "tapete mágico" no rolamento graças aos batentes hidráulicos progressivos que atuam como um segundo amortecedor capaz de dissipar mais eficazmente a energia gerada nos movimentos de carroçaria.

Com a assinatura da tecnologia Advanced Confort são também os bancos ergonómicos com maior apoio lateral e camadas suplementares de espuma que aconchegam o condutor, tornando a experiência de condução mais envolvente e relaxante. A qualidade de vida a bordo é por isso uma das preocupações da Citroen, corporizada no conceito C-Zen Lounge, que pretende que o C3 Aircross seja uma autêntica sala de estar sobre rodas, com bancos confortáveis, espaço a bordo, visibilidade e luminosidade e um painel de infoentretenimento e de informações da condução orientados para a linha de olhar do condutor. A Citroen conseguir não poupar no conteúdo tecnológico do seu modelo, que está em linha com o que se oferece neste segmento, tanto em dispositivos de auxílio à condução como no nível de digitalização que atinge.

Tapete mágico, motor ruidoso

Na apresentação internacional à imprensa que decorreu em Sitges (Espanha), tive oportunidade de ter um breve contacto com as três versões que agora chegam ao mercado nacional. Desde o motor a gasolina de 100 cavalos ao híbrido de 136 cavalos, passando pela versão elétrica de 113 cavalos. Nos dois primeiros casos o motor base é o mesmo - um triclindrico com turbocompressor, a que é acrescentado um motor elétrico de 15,6 kW na versão híbrida. A primeira nota é que é um motor claramente orientado para os consumos e por isso pouco expedito, sobretudo em aceleração e retomas de velocidade, onde claro está, o híbrido é mais competente. A caixa e DCT exclusiva da versão híbrida também acrescenta rapidez na resposta e facilidade de utilização pelo que penso que vale a pena considerar os 5 mil euros de investimento extra nesta versão. Já em relação à versão elétrica, mais uma vez a eficiência e economia de utilização são as preocupações centrais e não as prestações que são naturalmente modestas.

Com um comportamento filtrado e um rolamento muito suave o C3 Aircross é um carro para quem privilegia conforto e facilidade de condução em detrimento de prestações ou emoções mais fortes. Com uma maior distância ao solo do que o C3 o Aircross permite umas incursões suavse em off-road, mas perde um pouco em comportamento em curva, onde o C3 é mais ágil e estável. Finalmente, uma nota menos positiva para o funcionamento um pouco ruidoso do motor a gasolina, a dar nota do esforço em subidas ou retomas de velocidade.

No global uma proposta capaz de enfrentar o Dacia Duster e outros modelos que se pretendem posicionar na classe do "value for money" da classe dos SUV compactos, ou seja, opções familiares racionais com uma excelente relação qualidade/preço.