Será uma missão verdadeiramente hercúlea aquela que o Amarante terá pela frente esta sexta-feira, no Estádio de Alvalade, frente ao Sporting, em duelo da 4.ª ronda da Taça de Portugal.

Além de ter o objetivo de se tornar num tomba-gigantes na história da prova rainha, o conjunto da Liga 3 vê o embate com os leões como uma oportunidade, sobretudo para os jogadores mostrarem o seu valor e elevarem bem alto o nome da cidade amarantina.

Quem o afirma é João Cardoso, diretor-desportivo do clube, que salienta a A BOLA que a partida pode significar um «Euromilhões» para os atletas, até porque se jogará... na sexta-feira. «Para muitos pode ser uma montra. Podem ter aqui um Euromilhões, até porque o jogo é sexta-feira. Ou um joker, que pode ser uma promoção para eles. Outros jogadores, como é lógico, fruto da idade, também já não vão passar muito desta realidade», lembra.

Também Diogo Vila, imbuído no espírito de entusiasmo que se instalou na cidade nesta semana especial, destaca ao nosso jornal a motivação do plantel, dando também a receita para tentar bater o leão: «Acho que o pré-jogo vai ser com uma expectativa muito elevada, a adrenalina, a emoção… mas depois do árbitro apitar a equipa vai normalizar e vamos dar o nosso melhor. Queremos fazer o melhor jogo possível, orgulhar todas as pessoas que nos irão acompanhar e as que não vão também. É orgulhar a nossa representação deste grande clube num estádio tão emblemático como o de Alvalade. Temos de ser unidos, dar as mãos, dar a vida sempre uns pelos outros. Acho que esse é o maior segredo da equipa: a união e a entreajuda.»

Adiar o golo leonino e... esperar pela pontinha de sorte

Contra «o melhor Sporting de sempre», João Cardoso espera um duelo muito complicado, mas a juntar ao espírito guerreiro dentro das quatro linhas lembra que também é necessário que a sorte sorria ao Amarante para entrar nos livros de história da Taça: «A expectativa é retardar ao máximo o golo do Sporting, porque esta partida é de 99% contra 1%. Estamos a falar do melhor Sporting de sempre, talvez. Vamos tentar fazer o melhor e mostrar um bocadinho aquilo que é o Amarante. Sabemos perfeitamente das dificuldades que nos esperam e da diferença entre as equipas.»

«[Segredo para bater o Sporting] Talvez a sorte. Temos uma equipa interessante, que trabalha todos os dias. Temos feito um bom campeonato, mas sabemos que isto pode acontecer uma vez em 50 ou 100 jogos. Vamos agarrar-nos a isso», completou.

O capitão, que recorda com alegria a reação «muito boa» do plantel no momento do sorteio, destaca o poderio sportinguista: «O Sporting é a equipa que neste momento está a praticar o melhor futebol em Portugal. Sabemos das dificuldades que iremos encontrar. Uma equipa com muita qualidade, acho que toda a gente sabe disso.»

Apoio amarantino não vai faltar em Alvalade

Apesar do horário «pouco convidativo», numa sexta-feira à noite e com uma deslocação de 360 quilómetros, não vai faltar apoio à equipa amarantina na casa do leão. Afinal, já esgotaram os 1600 ingressos pedidos pelo clube ao Sporting: «A hora não era convidativa, nem o dia. Claro que se fosse ao sábado ou domingo ia ser muito melhor, mas os 1.600 bilhetes que pedimos estão todos vendidos», revela João Cardoso.

À semelhança de Diogo Vila, que confessa que o jogo teria um sabor ainda mais especial se fosse em casa, o diretor-desportivo também admite a preferência por jogar perante os amarantinos, apesar de referir que poderia não haver condições para se realizar o encontro no Municipal de Amarante: «Isto tem dois sentidos. Por um lado, há a questão da receita, mas jogar em Alvalade é diferente. Poderia ser complicado jogar perante os nossos adeptos, porque o jogo é sexta-feira à noite e o estádio não dispõe de iluminação.»

Liga 2 é sonho, mas conseguir estabilidade é a prioridade

João Cardoso assegura que o Amarante procura crescer de forma sustentada, e, apesar do bom desempenho na época atual, uma eventual subida ao segundo escalão requer uma evolução a todos os níveis: «A nossa ideia é conseguir a manutenção. Até ao momento estivemos sempre nos 4 primeiros classificados. É o primeiro ano na Liga 3. Temos de ter um crescimento sustentado e não dar passos maiores que as pernas. Depois se pudermos lutar por uma subida, melhor. No ano passado ninguém dizia que seríamos campeões Campeonato de Portugal] e fomos, fruto do crer e da vontade. Para jogarmos na Liga 2, temos de ter outras infraestruturas, como um campo de treinos, iluminação no estádio… Ainda nos faltam alguns recursos para que isso aconteça. Temos de ter os pés assentes no chão. Acho que a Liga 3 é o ideal.»

Com uma mescla de juventude e experiência, o plantel amarantino tem muita ambição: «O plantel tem um misto de experiência e de jogadores novos com ambição. Temos um orçamento controlado, que temos de cumprir. Não andamos aqui a prometer o que não podemos. Dentro da nossa realidade temos gente com ambição, que o clube e a direção também têm.»