A Associação ambientalista Zero voltou a alertar para a necessidade de reduzir o consumo de combustíveis rodoviários em cerca de 5,3% ao ano até 2030.

“Sensivelmente um ano depois, a Zero voltou a fazer as contas à emissão de gases com efeito de estufa com origem no consumo de combustíveis rodoviários e as conclusões continuam a ser extremamente preocupantes e a requerer a máxima atenção de todos, mas sobretudo dos responsáveis políticos”, adianta a Zero em comunicado em que assinala o Dia Europeu Sem Carros, que se comemorou no domingo, 22 de setembro.

Segundo a associação, com base nos dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), as emissões dos devidas ao consumo de combustíveis rodoviários entre julho de 2024 e o mesmo mês do ano passado cifraram-se em 17,8 milhões de toneladas (Mt) de dióxido de carbono (CO2), o que representou uma redução de apenas 1,8% face a julho de 2023.

“O gasóleo, apesar de uma redução de 3,7%, continua a ser o maior responsável por esta triste tabela dos maiores contribuintes para emissão de gases com efeito de estufa (GEE) com 14 Mt CO2. Houve também um aumento preocupante dos consumos de gasolina IO98 e gasolina IO95 de 5,4% e 5,2%, respetivamente”.

A Zero lembrou que para cumprir os objetivos do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) para 2030, mesmo que ainda insuficientes na sua perspetiva, “as emissões do setor dos transportes que continuam a ser mais de 30% do total, devem ser reduzidas em cerca de 5,3% por ano a partir de agora. A redução de 1,8% observada entre julho de 2023 e julho de 2024, está aquém para alcançar as metas necessárias. É por isso absolutamente crucial que o ano de 2025 seja exemplar no que toca à redução das emissões originadas pelos transportes terrestres, para evitar o incumprimento das metas climáticas a que o país está obrigado”.

Para alcançar as metas delineadas, a Zero propõe que, já a partir do próximo ano, sejam alocados pelo menos 15% das receitas de impostos rodoviários (IUC, ISP e ISV) ao investimento nos serviços de transporte público em todo o país, incluindo serviços de mobilidade flexível a pedido, e outros 15% à eletrificação de veículos com elevadas taxas de utilização.

“É essencial também que se iniciem rapidamente pilotos em mobilidade flexível, bem como fomentar o avanço da Mobilidade como serviço (Mobility as a Service como é conhecida a expressão no jargão europeu) com o Cartão Mobilidade cujo prometido avanço tarda em ver a luz do dia. Os apoios ao abate de veículos antigos e à eletrificação do transporte rodoviário devem aumentar substancialmente até aos 15% das receitas com ISP, IUC e ISV e concentrar-se apenas nas frotas de veículos com elevadas taxas de utilização, nomeadamente táxis, TVDE, veículos de aluguer, ligeiros de mercadorias, pesados de passageiros e mercadorias”, sublinha o comunicado da Zero

Alem disso, a associação ambientalista lembra que “estas receitas devem ser aplicadas não só na aquisição de veículos elétricos ou conversão de veículos térmicos, mas também na implementação de hubs de carregamento exclusivos para veículos com elevada taxa de utilização e na eventual redução dos custos da eletricidade utilizada por este tipo de veículos”.

Por fim, a Zero defende que a partir de 2025, “todas as novas licenças para táxis e veículos de TVDE (Transporte de Passageiros em Veículos Descaracterizados a partir de Plataforma Eletrónica) sejam exclusivamente para veículos 100% elétricos. Já a partir de 2030, apenas táxis e TVDEs totalmente elétricos poderão circular, promovendo uma mobilidade urbana mais sustentável e livre de emissões de carbono”.