O Presidente da Ucrânia sugeriu ser possível um acordo de cessar-fogo com a Rússia se o território que controla for colocado “sob o chapéu de chuva da NATO”. Em entrevista à estação britânica Sky News, Volodymyr Zelensky adiantou que a adesão à Aliança Atlântica permitir-lhe-ia negociar depois, “de forma diplomática”, a devolução do restante território pela Rússia.
Esta é a primeira vez que Zelensky admite o fim da guerra numa situação de controlo russo sobre território ucraniano. Ao longo do conflito, desencadeado pela invasão em larga escala da Ucrânia por tropas russas em fevereiro de 2022, disse sempre que não cederia qualquer território ocupado, incluindo a Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
Na entrevista que é difundida na íntegra esta sexta-feira, Zelensky foi questionado sobre os alegados planos do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para pôr fim à guerra e que passariam precisamente pela cedência por Kiev dos territórios ocupados por Moscovo em troca da adesão à NATO.
Para o Presidente ucraniano, a adesão à Aliança Atlântica teria de contemplar os territórios não ocupados para se terminar com a “fase quente da guerra”. Contudo, no seu convite formal, a NATO teria de reconhecer as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia, mesmo que, por enquanto, as zonas ocupadas do leste do país fiquem fora desse acordo.
“Se queremos parar a fase quente da guerra, temos de colocar sob o chapéu de chuva da NATO o território da Ucrânia que temos sob o nosso controlo”, disse, acrescentando que tal terá de ser feito “rapidamente”. E depois, sublinhou, a Ucrânia poderá recuperar os territórios ocupados “de forma diplomática”.
Zelensky considera necessário um cessar-fogo para “garantir” que o homólogo russo, Vladimir Putin, “não voltará” para ocupar mais território ucraniano. A NATO deverá cobrir “imediatamente” a parte da Ucrânia que se mantém sob o controlo de Kiev e isto é algo de que o seu país precisa “muito” – até porque, “caso contrário, ele [Putin] voltará”.