Yulia Navalnaya, a viúva do falecido líder da oposição russa Alexei Navalny, revelou que um dia voltará à Rússia quando o Presidente Vladimir Putin já não estiver no poder e que se candidatará à presidência do país.

As declarações foram feitas numa entrevista à emissora britânica BBC.

Desde a morte de Navalny numa prisão russa no Círculo Polar Ártico, em fevereiro, não surgiu um único líder para unir a oposição díspar do país e tem havido lutas internas significativas entre diferentes grupos dissidentes russos no estrangeiro.

“O meu adversário político é Vladimir Putin. E eu farei tudo para que o seu regime caia o mais rapidamente possível”, confessou Navalnaya à BBC.

Quando chegar a altura certa, participará nas eleições "como candidata”, admite.

Enquanto Putin, o líder supremo da Rússia desde o último dia de 1999, ainda estiver no poder, Navalnaya disse que não regressará. Putin fez 72 anos este mês.

Navalny morreu em fevereiro na prisão

Navalny, de 47 anos, morreu subitamente na prisão a 16 de fevereiro, privando a oposição russa do seu líder mais popular. Estava a cumprir várias penas, que totalizavam mais de 30 anos, por acusações que dizia terem sido manipuladas para silenciar as suas críticas a Putin.

O Kremlin classifica os aliados políticos de Navalny como extremistas perigosos que pretendem desestabilizar o país em nome do Ocidente. Diz que Putin goza de um apoio esmagador entre os russos comuns, apontando para sondagens de opinião que colocam o seu índice de aprovação acima dos 80%.

Navalny descreveu a Rússia de Putin como um Estado criminoso frágil, dirigido por “ladrões, bajuladores e espiões que só se preocupam com o dinheiro”. Há muito que previa que a Rússia poderia enfrentar uma turbulência política sísmica, incluindo uma revolução.

Num dos seus últimos grandes ensaios, em 2023, Navalny criticou a elite russa pela sua corrupção, manifestando ódio por aqueles que desperdiçaram uma oportunidade histórica de reformar o país após o colapso da União Soviética em 1991.

Navalnaya acusa Putin de ter ordenado o assassinato do marido

Navalnaya acusou Putin de ter ordenado o assassinato do seu marido, uma alegação que o Kremlin tem rejeitado repetidamente.

As agências de inteligência dos Estados Unidos da América determinaram que Putin não ordenou a morte de Navalny, de acordo com a AP e o Wall Street Journal.

Em agosto, Navalnaya rejeitou a conclusão dos investigadores de que o seu marido morreu devido a “uma combinação de doenças”.

A viúva disse à BBC que a Fundação Anticorrupção, que agora lidera no lugar de Alexei Navalny, tem evidências que revelará quando tiverem “o quadro completo”.