
A Universidade Politécnica de Dalian, no nordeste da China, comunicou que irá expulsar uma aluna por “contato impróprio com um estrangeiro” e por “danificar a dignidade nacional”. O caso, noticiado pelo jornal “The New York Times”, ocorreu após a divulgação de vídeos nas redes sociais que sugerem que a estudante se relacionou com um jogador profissional de videojogos ucraniano.
De acordo com a instituição de ensino, a punição é resultado de um caso ocorrido a 16 de dezembro de 2024 que “causou um impacto negativo”. Sem especificar o incidente, a universidade citou o incumprimento de um artigo sobre “moralidade civil” do regulamento da entidade. “Aqueles que têm contacto impróprio com estrangeiros e danificam a dignidade nacional e a reputação da faculdade serão alvo de repreensão ou punições mais graves, consoante o caso”, diz o documento.
A situação gerou polémica nas redes sociais chinesas. Enquanto alguns concordam com a punição, outros criticam e entendem que é uma decisão machista. A publicação do comunicado no site oficial da Universidade Politécnica de Dalian, com primeiro nome e apelido da mulher, também gerou revolta, com os críticos a argumentarem que isso humilha a estudante publicamente.
Numa coluna de opinião, Zhao Hong, professora de Direito na Universidade de Pequim, afirmou que “se alguém danificou a dignidade nacional, não foi a mulher cuja privacidade foi violada”. Os vídeos publicados a 16 de dezembro, data do incidente, que mostram a estudante com Danylo Teslenko foram publicados pelo próprio jogador de videojogos profissional, mas apagados posteriormente.
“Entendi que os vídeos, apesar de não serem de natureza íntima, eram demasiado pessoais para serem partilhados publicamente”, disse Teslenko ao “New York Times”.
Na China, há quem critique o facto de a repercussão ser direcionada à mulher. Estas pessoas alegam que os homens são vistos como heróis nacionais quando aparecem na Internet com mulheres brancas. “Como uma mulher adulta, manter uma relação sexual com outras pessoas está dentro do seu direito à autonomia sexual”, escreveu Zhao Hong.
Texto escrito por João Sundfeld e editado por Hélder Gomes