Estão espalhados pelas redes sociais: vídeos e fotografias que parecem contar histórias reais, mas que são falsos, feitos por inteligência artificial. Nos últimos dias, o vídeo de um bombeiro que contava a história dramática de um salvamento durante o combate a um incêndio deu que falar. Foi publicado por páginas que pareciam associadas ao Santuário de Fátima. Mas era tudo falso e, devido a um episódio do podcast “O Futuro do Futuro” já foi eliminado pelo Facebook.

Oiça aqui o episódio na íntegra:

“Eu sou o Tiago, sou bombeiro há nove anos. Ontem, por pouco, não voltei.” Assim começa o vídeo em causa. Com o país a sofrer com tantos incêndios de grandes dimensões, Tiago, bombeiro, surge neste vídeo, publicado nas redes sociais, com a cara marcada e olhos vermelhos do fumo e do choro.

“Num dos acessos encontrei um carro virado. Lá dentro um homem ferido gritava ‘a minha filha ainda está lá dentro, salve-a por favor’. Voltei quase sem ar, peguei na menina e consegui trazê-la, sobreviveu, mas quando voltei para o pai já era tarde”, pode ouvir-se o “Tiago” dizer.

É uma história dramática, disso não haja dúvida. Só há um pequeno problema. Nada disto é verdade. Nem a história, nem o vídeo, nem o bombeiro Tiago. Foi tudo feito com inteligência artificial. Chama-se ‘AI SLOP’.

“Em termos portugueses podia ser considerada uma porcaria de Inteligência Artificial. É uma maneira de produzir conteúdos com qualidade duvidosa e com uma carga emocional muito forte. A ideia é assegurar que o algoritmo das redes sociais pega no conteúdo e o coloca no topo”, explica o professor universitário João Santos Pereira em entrevista ao podcast “O Futuro do Futuro”.

O objetivo é pura e simplesmente apelar ao comentário, ao like, à reação. Algo que este vídeo conseguiu, até ter sido exposto no podcast o “O Futuro do Futuro”, do Expresso, e ter sido eliminado pelo Facebook.

Este vídeo, assim como vários outros gerados por IA, foram publicados em páginas que parecem pertencer ao Santuário de Fátima. Mas isso é falso. À SIC, fonte oficial do Santuário de Fátima diz ter conhecimento da existência de páginas, perfis e grupos que usam abusivamente o nome da instituição.

Distinguir o real do fabricado será cada vez mais difícil. A inteligência artificial está a duplicar capacidades a cada três meses.