Os democratas no Senado dos Estados Unidos abandonaram hoje uma audiência com o antigo advogado pessoal de Donald Trump, Emil Bove, que o Presidente republicano decidiu nomear como juiz federal.

Durante a audição perante uma comissão do Senado (câmara alta do Congresso), a penúltima etapa do processo de nomeação como juiz federal de recurso, os democratas pediram o adiamento da votação para ouvir o testemunho de um denunciante que recentemente alegou que Emil Bove tinha manifestado vontade de ignorar decisões judiciais para implementar as deportações em massa de migrantes irregulares procuradas por Donald Trump.

Após a recusa do presidente da comissão, um republicano, os democratas levantaram-se e abandonaram a sala, perante uma votação unânime dos representantes da maioria.

"Porque é que estão a fazer isto? É ultrajante. É desrespeitoso. Mostra que simplesmente não querem ouvir o que os vossos colegas têm para dizer", frisou o senador democrata Cory Booker.

O atual número três do Departamento de Justiça, Emil Bove, nega as acusações que lhe são imputadas.

Emil Bove "está na vanguarda da utilização do Departamento de Justiça contra os inimigos do presidente", atacou outro congressista democrata, Dick Durbin, durante a audição.

"Tendo conquistado a sua posição como um leal defensor do presidente, foi recompensado com esta nomeação vitalícia", acrescentou.

Para além da oposição democrata, a nomeação de Emil Bove, de 44 anos, por Donald Trump como juiz de recurso numa jurisdição do leste (que abrange a Pensilvânia, Nova Jérsia e Delaware) tem sido amplamente criticada por todo o poder judicial.

Mais de 900 ex-procuradores do Departamento de Justiça escreveram à comissão do Senado para expressar as suas preocupações sobre esta escolha intolerável, tal como um grupo de mais de 75 ex-juízes federais e locais.

"É profundamente inapropriado que um presidente nomeie o seu próprio advogado de defesa criminal para um cargo de juiz federal, especialmente quando esse presidente declarou que nomeia juízes com base na sua lealdade para com ele e não para com o país", alertaram.

Esta polémica no comité, no entanto, dificilmente colocará em risco a nomeação de Emil Bove, uma vez que os republicanos detêm a maioria de 53 membros contra 47 democratas no Senado, que deverá votar no final do processo.