
A nova legislação fiscal norte-americana apresentada hoje pelos republicanos no Congresso deixou "muito satisfeito" o Presidente Donald Trump, enquanto a oposição democrata a denuncia como "um golpe fiscal" a favor dos mais ricos.
O presidente do Comité de Meios e Recursos do Congresso, o republicano Jason Smith, afirmou hoje aos jornalistas no Congresso que Trump está "muito satisfeito" com o projeto, estimando o seu impacto em 3,9 biliões de dólares (3,5 biliões/milhões de milhões de euros).
"O fracasso não é uma opção. Haverá obstáculos ao longo deste processo, mas teremos sucesso e chegaremos a um acordo", afirmou Smith.
Em comunicado, os republicanos prometeram "alívio para as famílias trabalhadoras, empregados de mesa, mecânicos, enfermeiros, agricultores e americanos de todo o país que foram atingidos por quatro anos de inflação" no governo do democrata Joe Biden.
Já o líder da minoria democrata na câmara baixa do Congresso, Hakeem Jeffries, classificou o projeto de lei republicano como um "golpe fiscal" que beneficiaria principalmente "1% dos americanos", os mais ricos.
"Querem financiar isto acumulando biliões de dólares em dívidas adicionais e promulgando os maiores cortes na assistência médica e os maiores cortes na ajuda alimentar da história americana", disse Jeffries numa conferência de imprensa.
Trump tem pressionado os republicanos -- que têm maioria nas duas câmaras do Congresso -- a aprovar esta "grande e bela lei".
O pacote legislativo inclui uma das principais promessas de campanha eleitoral de Trump, a extensão das isenções fiscais do seu primeiro mandato, que expiram no final do ano.
De acordo com uma comissão independente do Congresso, tal extensão, juntamente com outras medidas fiscais, aumentaria o défice federal em mais de 4,8 biliões de dólares (4,3 biliões de euros) na próxima década.
Mas, além da oposição democrata, o projeto conta com oposição dentro do campo republicano.
Espera-se que três comités na Câmara dos Representantes, de maioria republicana, debatam hoje as medidas antes de votarem para enviar o texto ao plenário da câmara baixa do Congresso.
Para compensar parcialmente a extensão das isenções fiscais, os republicanos planeiam fazer cortes profundos em certas despesas, principalmente eliminando muitos incentivos fiscais para as energias renováveis --- adotados em 2022 como parte de um projeto emblemático de Joe Biden.
Outro alvo é o Medicaid, o seguro de saúde do qual dependem mais de 70 milhões de americanos com baixos rendimentos.
Os gastos federais com este programa público deverão ser cortados em mais de 700 mil milhões de dólares (625 mil milhões de euros) na próxima década, ameaçando privar mais de oito milhões de americanos de seguros de saúde, de acordo com uma análise de uma agência apartidária do Congresso.
A proposta procura incluir isenções de impostos sobre gorjetas, pagamento de horas extraordinárias, empréstimos para automóveis fabricados no país e benefícios da Segurança Social, além de aumentar as isenções fiscais para idosos e famílias com crianças.
Entre os republicanos moderados, há preocupações de que cortes significativos no Medicaid, juntamente com uma possível redução do programa de assistência alimentar SNAP, representariam um risco eleitoral muito elevado antes das eleições intercalares em novembro de 2026.
Para parte da ala ultraconservadora, que defende a redução do défice, estes cortes, pelo contrário, não são suficientes.
Ambas as fações ameaçam agora não votar a favor do texto e, com uma maioria de apenas sete lugares na Câmara de Representantes, os líderes republicanos terão dificuldades em resolver o impasse, como Trump pretende.
Outro ponto de discórdia é a proposta de aumento de impostos para quem ganha mais de 5 milhões de dólares (4,5 milhões de euros) por ano, deixada de fora do projeto atual, apesar de Trump ter pedido a sua aprovação.
Os legisladores deverão continuar a fazer alterações à lei antes da sua apresentação ao plenário da Câmara nos próximos meses.
O líder republicano no Congresso, Mike Johnson, pretende que o projeto de lei seja aprovado por ambas as câmaras do Congresso antes do Memorial Day, 26 de maio, e esteja pronto para a assinatura de Trump antes do Dia da Independência, 04 de julho.